Título: Governo vai tentar acordo com usineiros, diz ministro
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Fonte: Valor Econômico, 06/01/2006, Brasil, p. A4

O governo não irá "atropelar" o mercado de álcool, que é livre, mas tentará um acordo com os usineiros para evitar que o preço do produto continue em alta durante a entressafra, segundo afirmou ontem o ministro de Minas e Energia, Silas Rondeau, ao descartar a possibilidade de confisco dos estoques do combustível. O governo também descartou a importação do combustível dos Estados Unidos. "Há espaço para construir uma solução sem confronto", afirmou o ministro, que aposta em uma "sensibilidade dos produtores de álcool", que deverão se reunir na próxima semana antes que o governo adote alguma medida sobre o assunto. A única medida não descartada por Rondeau foi a possibilidade de reduzir de 25% para 20% a quantidade de álcool misturada à gasolina "se isso resultar em um benefício para o consumidor". Depois de subir 28% em 2005, o álcool hidratado iniciou este ano com alta de 6% para o consumidor devido ao início da entressafra, segundo dados da Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e Lubrificantes (Fecombustíveis). Segundo o ministro, a solução para que o consumidor final não seja onerado enquanto a nova safra não chega ao mercado passa pelo entendimento. "Nós entendemos que não há nenhum motivo para uma elevação de preços do álcool nesse momento. Há margem para administrar a não-elevação do preço do álcool", afirmou. De acordo com o Ministério da Agricultura, os estoques atuais de álcool estão próximos de 4 bilhões de litros, volume suficiente para abastecer o mercado do produto, que consome aproximadamente 1,2 bilhão de litros por mês. O secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia, Nelson Hubner também descartou a possibilidade de importação de álcool dos Estados Unidos para garantir o abastecimento no Brasil. Segundo ele, a ação do governo no mercado de álcool seria reduzir a quantidade de álcool misturada à gasolina para restringir um pouco a demanda, mas considerou que os estoques são suficientes para o abastecimento até o fim da entressafra, previsto para abril. Hubner explicou ainda que a possível redução da Cide (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico), caso haja a diminuição na mistura de álcool à gasolina, ainda está sob análise do Ministério da Fazenda. Caso adotada, a medida seria proporcional ao aumento da arrecadação da Cide gerada pela alta no consumo de gasolina, já que o produto vendido ao consumidor teria apenas 20% de álcool.