Título: Empreiteiras criticam operação "tapa-buraco"
Autor: Mônica Izaguirre
Fonte: Valor Econômico, 06/01/2006, Brasil, p. A5

Teoricamente as mais interessadas nos contratos provenientes da operação "tapa-buraco", duas associações que congregam empresas de construção pesada levantaram dúvidas sobre a eficácia do programa recém-lançado pelo governo e redigiram uma carta aberta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com críticas à precariedade das obras e à falta de diálogo com o Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes (DNIT). Embora elogiem a disposição de iniciar um projeto de recuperação da malha rodoviária, o Sindicato Nacional da Indústria da Construção Pesada (Sinicon) e a Associação Nacional das Empresas de Obras Rodoviárias (Aneor) advertem que o orçamento disponível para a operação - R$ 440 milhões - é baixo para "necessidades reais (que) montam a valores muitas vezes superior". Para as duas entidades, que representam empreiteiras, não se pode liminar a operação a "uma simples recomposição da capa asfáltica nos trechos danificados". "É preciso que seja realizada uma recomposição do pavimento, atendendo a preceitos técnicos mais rigorosos, que garantam o retorno do investimento em benefício da população", escrevem na carta. O presidente do Sinicon, Luiz Fernando Santos Reis, questiona a verdadeira disposição do governo em resolver o problema das estradas. Levantamento feito pela entidade demonstra que, a poucos dias de acabar o ano, apenas 43,1% do orçamento autorizado para a manutenção da malha rodoviária em 2005 havia sido liqüidado. No corredor Mercosul, somente 21,4% dos R$ 773 milhões autorizados haviam sido efetivamente pagos. "O ritmo das obras é muito lento", afirma. Na carta, as associações criticam a falta de informações sobre o processo de contratação das obras. Dizem ter encaminhado, em 22 de dezembro, correspondência ao DNIT pedindo explicações sobre os critérios de seleção das empresas. "Ainda estamos aguardando resposta", diz Santos Reis.