Título: BB amplia o financiamento à exportação em 31,7%
Autor: Alex Ribeiro
Fonte: Valor Econômico, 06/01/2006, Finanças, p. C1

Os altos juros internos e a expansão das exportações levaram a um crescimento de 31,7% nas operações de Adiantamento de Contrato de Câmbio (ACCs) e Adiantamentos sobre Cambiais Entregues (ACEs) contratadas pelo Banco do Brasil (BB) em 2005, segundo dados divulgados ontem pela instituição. O volume chegou ao valor recorde de US$ 11,878 bilhões, ante US$ 9,019 bilhões observados em 2004. O aumento nas contratações do BB foi mais forte do que a expansão das exportações no ano, de 22,6%. Mas isso não quer dizer que o banco ampliou sua fatia nesse mercado - ela ficou intacta em 27%. Na verdade, o que houve foi uma ampliação do mercado de ACCs e ACEs no ano passado, puxada pelas altas taxas de juros domésticas, que incentivou empresas a tomarem recursos nessas linhas para aplicar os recursos no mercado financeiro. "Nossa percepção é de que a maior parte das empresas contratou ACCs e ACEs para financiar suas atividades", afirmou o diretor de comércio exterior do BB, Rogério Lot. "Mas é natural que médias e grandes empresas com tesourarias bem estruturadas tenham aproveitado oportunidades de arbitragem." Em número de operações, os ACCs e ACEs cresceram 5,8% em 2005, chegando a 32,1 mil contratos. Desse total, cerca de 15% (4,7 mil operações) foram com micro e pequenas empresas, com faturamento anual até R$ 10 milhões. O volume financeiro desse segmento foi de R$ 190 milhões. Nos dois últimos anos, as operações de financiamento a exportadores tiveram grande impulso, mas a expectativa do BB é que avancem com ímpeto menor daqui por diante. "2006 deve ser um ano de estabilidade ", avalia o vice-presidente interino de negócios internacionais e atacado do BB, Sandro Kohler Marcondes. Segundo ele, o grau de internacionalização atingido por empresas brasileiras faz com que muitas procurem meios mais sofisticados de financiamento, como operações estruturadas. O BB antevê, porém, um ano promissor para o fechamento de câmbio para importações. "Será o ano das importações para o Brasil", disse Marcondes. Contribuem positivamente fatores como maior crescimento esperado da economia, câmbio mais valorizado e boas perspectiva de investimentos, que puxam as aquisições de bens de capital. Em 2005, as operações de câmbio para importação cresceram 17,8%, atingindo US$ 15,891 bilhões. No câmbio pronto para exportação, o BB fechou um volume de US$ 22,301 bilhões. Marcondes confirmou que o BB está preparando uma captação de US$ 300 milhões em bônus perpétuo. Na semana que vem, serão realizadas apresentações a investidores interessados na Ásia, Europa e Estados Unidos. "O momento exato da operação depende da oportunidade", disse Marcondes. "Hoje, as condições são boas. Se a situação continuar favorável, nossa intenção é fazer (a captação em bônus perpétuos)". O banco quer incluir uma cláusula que permitirá a recompra do papel pelo BB dentro, provavelmente, de cinco anos. "Se o país atingir a condição de 'investment grade', os juros tendem a cair", afirmou. "Nessa hipótese, poderíamos recomprar o papel e recolocá-lo em condições mais favoráveis."