Título: Dívida pública do país ainda é de US$ 140 bilhões
Autor: Paulo Braga e Tatiana Bautzer
Fonte: Valor Econômico, 16/12/2005, Internacional, p. A13

Mesmo com o pagamento ao FMI, a Argentina continua com situação de forte endividamento. Sem considerar os credores que não aceitaram a proposta de reestruração dos bônus em default, a dívida pública do país, descontando o dinheiro devido ao Fundo, é de cerca de US$ 115 bilhões. Com esse montante, a relação dívida/PIB ficaria em 66,5%. Se forem somados à conta os US$ 24 bilhões de credores da dívida privada que ficaram de fora da reestruturação, a dívida ascende a US$ 140 bilhões, elevando a relação a 80%. Com o anúncio feito ontem, porém, a situação desses credores - os "holdouts" - fica muito complicada, porque sem a pressão do FMI o governo não deve fazer propostas para saldar essa dívida. Restaria a opção de recorrer à Justiça. A dívida pública argentina inclui os bônus reestruturados no início deste ano, que resultaram em economia de US$ 67 bilhões com o desconto imposto aos credores. Também há bônus emitidos após o default de 2001 para pagar dívidas do Estado com correntistas que tiveram seus recursos presos no "corralito" e foram gradualmente liberados. Também entram títulos emitidos durante a gestão do ex-ministro da Economia Domingo Cavallo, empréstimos contraídos pelas províncias com garantia do governo federal. Além do FMI, o país deve ao Clube de Paris. Está dívida, que supera os US$ 6 bilhões, está em default desde 2002. O país também possui débitos com o Bird e com o Banco Interamericano de Desenvolvimento, de US$ 7,3 bilhões e US$ 8,8 bilhões, respectivamente.