Título: Grupo vai continuar com estratégia de aquisições
Autor: Ivo Ribeiro
Fonte: Valor Econômico, 09/01/2006, Especial, p. A12

Há cerca de uma década liderando o movimento de aquisições e fusões no mercado de aços longos nas Américas, o grupo Gerdau já sente em seu encalço o ruído da concorrência. Seu antigo rival no Brasil, a Belgo-Mineira, ganhou massa muscular depois que se integrou ao grupo europeu Arcelor desde 2002. Recriada como Arcelor Brasil (ao incluir CST e Vega do Sul, de aços planos), a companhia tem um estratégia para ocupar espaços em países da região. A Costa Rica já foi o primeiro alvo. Outro concorrente, menos direto, é o argentino Techint, que em 2005 criou a Ternium, holding que uniu os ativos da argentina Siderar, da venezuelana Sidor e da mexicana Hylsamex. As duas últimas atuam no segmento de aços longos, seara da Gerdau. Na região, o maior concorrente da Gerdau será o grupo Arcelor. "É um competidor forte", reconhece Jorge Gerdau. O empresário diz que continuará investindo pelo menos US$ 300 milhões ao ano, como em 2005, em novas aquisições. No ano passado, fechou compras de ativos na Argentina, na Colômbia e marcou sua entrada na Europa ao ficar com 40% da espanhola Sidenor, fabricante de aços especiais (material para autopeças e carros). A partir da Espanha, tem os olhos voltados para o Leste europeu e Ásia, na trilha da indústria automotiva. "Mantemos nossa estratégia de crescer nas Américas. Como o endividamento do grupo está extremamente baixo, temos capacidade de decisões", disse Gerdau, para quem há ainda muitas oportunidades em aços longos nos EUA. Ele disse que o grupo vai manter o programa de investimentos para o triênio 2005 a 2007, de pouco mais de US$ 2 bilhões, apenas no Brasil. Para Gerdau, o cenário de preços e demanda de aço neste ano, no Brasil e mundo, não viverá mais a euforia de 2004 e metade de 2005. O mercado está mais competitivo globalmente, embora a demanda nos EUA continue boa. "Houve um acomodamento." Já o ambiente mundial de consolidações vai permanecer, com mais aquisições e fusões. "É um processo que continuará ativo", diz, mencionado a disputa que travam Arcelor e ThyssenKrupp pela canadense Dofasco. "Estão pagando muito caro pelo ativo - 8,7 vezes seu resultado operacional." Na siderurgia, diz, não há opção, senão internacionalizar-se. "A discussão é: fazer no mundo todo ou regionalmente, como fazemos."