Título: Roriz fecha aliança com o PR
Autor: Campos, Ana Maria
Fonte: Correio Braziliense, 08/05/2010, Cidades, p. 41

Na próxima terça-feira, a executiva regional do Partido da República se reúne para selar a coligação com o PSC. Jofran Frejat será vice na chapa do ex-governador, em uma campanha na qual os debates sobre saúde pública vão fervilhar

O ex-governador Joaquim Roriz (PSC) conseguiu o aval do PR, partido do deputado Jofran Frejat, para tê-lo como vice na chapa para a disputa eleitoral de outubro. Na próxima terça-feira, pré-candidatos e integrantes da executiva regional da legenda, presidida no DF pelo ex-secretário de Ciência e Tecnologia do governo Arruda Izalci Lucas, se reúnem para sacramentar a decisão. O convite de Roriz a Frejat foi feito há dois meses e, desde então, os dois aliados então caminham juntos pelas cidades do Distrito Federal se apresentando ao eleitorado. A dobradinha de Roriz com o ex-secretário de Saúde tem como meta reforçar o discurso de prioridade na melhoria do atendimento nos hospitais, um dos temas que deverá fervilhar na campanha, especialmente no embate com o médico Agnelo Queiroz, candidato do PT ao Executivo.

Atualmente no quinto mandato como deputado federal, Frejat foi secretário de Saúde pela primeira vez entre 1979 e 1993, depois de ter dirigido o Instituto de Medicina Legal (IML) por seis anos. Nos governos de Joaquim Roriz, Frejat ficou à frente da pasta em várias ocasiões. A estratégia do grupo rorizista é dividir os votos dos médicos, enfermeiros e auxiliares de saúde, que votariam em grande parte no candidato petista. Com a aliança entre PSC e PR, Roriz começa a ampliar o tempo de televisão que terá para divulgar propostas, defender-se de eventuais ataques e mirar os adversários. ¿Foi o próprio PT que nos empurrou para essa aliança, ao se unir com o PMDB na eleição indireta¿, afirma Izalci Lucas.

Na disputa pelo mandato-tampão ao GDF, os petistas se comprometeram a votar no hoje governador Rogério Rosso (PMDB) num eventual segundo turno na Câmara Legislativa. Esse compromisso fortaleceu a candidatura do peemedebista e acabou garantindo sua vitória ainda no primeiro turno. Na última semana, a bancada do PT passou a atacar a gestão de Rosso, com o aval da direção nacional do partido. Mas está encaminhada uma aliança eleitoral entre Agnelo e o PMDB. A negociação é conduzida pelo presidente do PMDB-DF, Tadeu Filippelli, com o apoio do presidente da Câmara dos Deputados, Michel Temer (PMDB-SP), convidado a ser vice na chapa encabeçada pela petista Dilma Rousseff.

Composição Embora ainda não seja consenso no PT, há uma expectativa de que Filippelli seja o vice de Agnelo. Nessa chapa, o senador Cristovam Buarque (PDT-DF) e o deputado Rodrigo Rollemberg (PSB-DF) deverão ser os candidatos ao Senado. Esse acordo também é costurado com a participação da cúpula da campanha de Dilma. A vaga de Rollemberg ao Senado na chapa de Agnelo é uma das compensações ao PSB pela retirada da candidatura do deputado Ciro Gomes (PSB-CE) à sucessão do presidente Lula.

Enquanto isso, Roriz busca parceiros entre os partidos que estarão no palanque com o candidato tucano à Presidência da República, José Serra. Com base em pesquisas que encomenda para definir sua estratégia eleitoral, Roriz aposta que, hoje, tem garantido 35% do eleitorado. Ele acredita que esse índice chegará aos 39%, com os votos dos eleitores de municípios do Entorno. Roriz vem conversando com o presidente nacional do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), e tem o apoio do secretário-geral do partido, Eduardo Jorge Caldas Pereira, para uma reaproximação. Roriz, inclusive, trabalhou pela composição de seu partido, o PSC(1), com a chapa de Serra.

Uma visita de Roriz ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, em São Paulo, em março, despertou críticas do líder do PSDB no Senado, Arthur Vírgilio (AM). Sérgio Guerra, no entanto, tenta contornar a situação. O partido espera o suporte de Roriz para a candidatura da ex-governadora Maria de Lourdes Abadia (PSDB) ao Senado. No grupo rorizista, há uma aposta de que, sem rumo e abatido pela crise provocada pela Operação Caixa de Pandora, o DEM também acabe aderindo à candidatura do ex-governador do DF rumo a um quinto mandato no Palácio do Buriti.

1 - Com os tucanos Na última terça-feira, o Partido Social Cristão (PSC) de Joaquim Roriz ¿ que vinha negociando apoio à candidatura da petista Dilma Rousseff ¿ fechou aliança com o tucano José Serra. Com isso, o concorrente do PSDB ganha cerca de 20 segundos no horário eleitoral gratuito durante a campanha.

Wilson quer se candidatar

O presidente da Câmara Legislativa, Wilson Lima (PR), vai tentar um novo mandato de deputado distrital nas eleições de 3 de outubro. Ele estuda uma estratégia para conseguir o aval da Justiça Eleitoral nessa empreitada. Em tese, o distrital, que esteve no comando do Governo do Distrito Federal após o prazo de desicompatibilização do Executivo, não poderia concorrer a nenhum outro cargo nas próximas eleições, a não ser para o de governador. A legislação eleitoral estabelece que os candidatos a cargos no Legislativo não podem ocupar funções públicas no período de seis meses antes da data do pleito.

O PR, segundo o presidente regional do partido, Izalci Lucas, poderá fazer uma consulta ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE) no Distrito Federal sobre a possibilidade de Wilson Lima concorrer em outubro. O argumento dos advogados da legenda é de que Lima exerceu o cargo de governador até 19 de abril ¿ data na qual Rogério Rosso assumiu o mandato-tampão ¿ como uma obrigação por estar, como presidente do Legislativo local, na linha sucessória do Executivo. Dessa forma, ele não poderia, segundo defende o PR, ser prejudicado com a inelegibilidade nas próximas eleições. Outro caminho seria registrar a candidatura de Wilson para distrital e aguardar algum pedido de impugnação que, então, seria combatido pelos advogados.

Tribunal de Contas Em 3 de abril, data-limite para deixar a função no GDF, Wilson Lima decidiu ficar no cargo porque apostou que conseguiria vencer a eleição indireta ocorrida no dia 17 do mesmo mês. Ele preferiu ficar mais oito meses à frente do Palácio do Buriti a tentar se reeleger como distrital. No entanto, foi derrotado no embate na Câmara e reassumiu a Presidência da Casa. Entre os planos de Wilson Lima, estava ainda a nomeação como conselheiro do Tribunal de Contas do DF na vaga aberta há duas semanas com a aposentadoria de Jorge Caetano. Mas o Superior Tribunal de Justiça (STJ) pertencia a um integrante do Ministério Público de Contas. Na última quinta-feira, o procurador Inácio Magalhães Filho assumiu o gabinete, depois de ter o nome aprovado com o voto de 18 deputados distritais. (AMC)