Título: Paranaenses negam consenso sobre os sacrifícios
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 16/12/2005, Agronegócios, p. B12
Persiste o desencontro de informações fornecidas pelo Ministério da Agricultura e o governo do Paraná em relação a focos de aftosa no Estado. Deputados federais que estiveram em Curitiba ontem (dia 15) para a segunda audiência pública da Proposta de Fiscalização e Controle (PFC), da Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados, disseram estar atrás da verdade, mas ela parece estar cada vez mais difícil de aparecer. O vice-governador e secretário da Agricultura, Orlando Pessuti, ao ser questionado sobre as declarações do secretário nacional de Defesa Agropecuária, Gabriel Maciel, disse que não existe qualquer definição sobre o sacrifício de animais na fazenda Cachoeira, onde o ministério confirmou a existência da doença. "Falei com ele por telefone, ele me perguntou se tínhamos alguma decisão e eu disse que não", contou. Em entrevistas anteriores o secretário dizia que o Estado continuava com suspeita de focos, mas ontem chegou a afirmar que "o Paraná não tem aftosa". A mesma defesa foi feita por integrantes da comissão, que embora tenham defendido a isenção na investigação do caso, admitiram o desejo de que o ministério admita que errou e que o Paraná está livre da doença. "Ninguém provou que tem aftosa aqui e não estou preocupado com o descrédito do ministério, porque pior que isso é ter de matar animais sadios", disse o deputado Abelardo Lupion (PFL-PR), que presidiu a audiência e também é criador de gado. "Queremos que o ministério tenha a humildade de voltar atrás", disse o deputado Cezar Silvestri (PPS-PR), relator da PFC. Os participantes da reunião esperavam que a diretora de programas da área animal da Secretaria de Defesa Agropecuária, Tânia Lyra, participasse do encontro, mas ela não apareceu. Na última reunião Tânia admitiu que o resultado dos exames de sorologia, que levaram à confirmação da doença, pode ter sido mascarado por resíduos de aplicação de vacina. Quem falou em nome do ministério foi o coordenador geral de combate a doenças do Departamento de Saúde Animal, Jamil Gomes de Souza, que descartou a interferência vacinal e garantiu que, em função das evidências técnicas, não havia outra saída a não ser confirmar a existência da aftosa no Paraná. Lupion defendeu um acordo de procedimentos entre as partes, para dar continuidade à investigação. Com base no que ouviu, Silvestri deverá apresentar no início da próxima semana relatório preliminar com sugestões, entre elas a visita de técnicos do ministério à Fazenda Cachoeira, a realização de mais exames e até a vinda de representantes da Organização Internacional de Saúde Animal (OIE) para acompanhar o assunto de perto. Os deputados também querem autorização para vacinar os animais que estão na região interditada desde 21 de outubro. A vacinação no Estado foi feita em novembro, mas 2 milhões de cabeças não puderam participar da campanha.