Título: PIB do Rio Grande do Sul tem queda de 4,8% no ano
Autor: Raquel Salgado
Fonte: Valor Econômico, 19/12/2005, Brasil, p. A4

O Produto Interno Bruto (PIB) do Rio Grande do Sul fechará o ano com queda de 4,8%, o terceiro pior desempenho desde que os Estados brasileiros começaram a apurar o indicador em conjunto com o IBGE, em 1985, abaixo apenas dos 6,6% de 1990 e dos 5% de 1995. O resultado foi puxado pelos impactos da estiagem sobre o setor agroindustrial e da sobrevalorização do dólar sobre as exportações, revelou a Fundação de Economia e Estatística (FEE), vinculada à Secretaria de Planejamento do governo gaúcho. Segundo o presidente da instituição, Aod de Moraes Júnior, só a estiagem registrada no início do ano foi responsável por 3,03 pontos da queda do PIB, incluindo os impactos diretos na agricultura e nos setores de máquinas e equipamentos agrícolas, fumo, transporte e armazenagem. Ao mesmo tempo, o efeito do câmbio sobre as exportações de calçados, artigos de couro, móveis, veículos e bebidas, que operam com margens "muito estreitas", provocou uma perda de mais 0,56 ponto, disse o economista. Os números ainda são preliminares, mas o desempenho significa que o Rio Grande do Sul deixou de gerar cerca de R$ 6,8 bilhões em riquezas ao longo do ano, sendo R$ 3,4 bilhões no setor agropecuário, R$ 3,1 bilhões na indústria e R$ 300 milhões nos serviços, calculou o supervisor do centro de informações estatísticas da FEE, Adalberto Maia Filho. Como resultado, o PIB gaúcho deve fechar o ano valendo R$ 152,7 bilhões e a participação do Estado sobre o produto nacional cairá dos 8,5% de 2004 para 7,8%. Conforme Maia Filho, é possível estimar que o Estado provocará um impacto negativo da ordem de 0,37 ponto percentual no PIB nacional, que fechou com uma taxa acumulada de 2,6% positivos até setembro, segundo o IBGE, e deve encerrar o ano em 2,3% de acordo com as projeções do Ipea. O PIB agropecuário gaúcho recuou 15,2% em 2005, com um impacto de 2,4% negativos sobre o resultado geral. Foi o segundo pior desempenho desde 1985, apenas um ponto percentual a menos do que a queda registrada em 1991, quando o Estado também enfrentou uma estiagem severa, lembra Moraes Júnior. Já a indústria caiu 4,8% em 2005, com um efeito negativo de 2,2%, enquanto os serviços recuaram 0,5% e geraram um impacto de 0,2%. A agropecuária foi também o único setor a apresentar o segundo ano consecutivo de desempenho negativo (no exercício passado, a queda foi de 3,2%), novamente devido a uma seca, e perderá participação sobre o PIB geral do Estado, que será de 15,93%, explicou Maia Filho. No ano passado a indústria respondia ainda por 44,95% do produto gaúcho e os serviços, pelos 39,12% restantes. Segundo o supervisor do centro de estatísticas da FEE, das 14 culturas monitoradas pela fundação, 13 (com exceção das plantações de banana) tiveram quebras na produção em 2005. As maiores foram no milho e na soja, que recuaram 56% e 55,9%, para 1,48 milhão e 2,44 milhões de toneladas, respectivamente. Em comparação com a colheita de 2003, os tombos foram, pela ordem, de 73% e 75%. Na indústria de transformação, 11 dos 14 segmentos estudados pela FEE apresentaram desempenho negativo, com destaque para máquinas e equipamentos (-19,2%), mobiliário (-11,1%) e borracha e plástico (-7,3%). Com o real valorizado, as exportações do Estado no acumulado até novembro caíram 6,4% em volume, mas cresceram 5% em valor, para US$ 9,4 bilhões, por conta de reajustes médios de 12,2% nos preços.