Título: Recuperar estradas custaria R$ 20 bi, diz Nascimento
Autor: Daniel Rittner
Fonte: Valor Econômico, 10/01/2006, Brasil, p. A2

No primeiro dia da controvertida operação "tapa-buraco", o ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, deu margem à polêmica: vistoriou o início das obras ao lado do deputado Sandro Mabel (PL-GO), que escapou da cassação, deu entrevista perto de militantes petistas que carregavam faixas de apoio ao governo e cometeu infrações de trânsito por excesso de velocidade. Em dois trechos, o tráfego foi interrompido nas rodovias, provocando congestionamento e irritação dos motoristas. Nascimento percorreu trechos da BR-040 e da BR-060, ontem à tarde, no Distrito Federal e em Goiás. Ele informou que o governo obteve um desconto médio de 20% nos contratos firmados sem licitação com as empresas responsáveis pelas obras de emergência. O ministro defendeu a realização das obras, mesmo em período de chuvas, que prejudicam o andamento dos trabalhos. "Se não fizéssemos agora, eles ficariam mais caros depois", afirmou Nascimento. A intenção do governo é, com investimento de R$ 440 milhões, tapar buracos em cerca de 26 mil quilômetros de rodovias. Em muitos casos, a operação será seguida de obras mais complexas de recuperação ou duplicação das estradas. Segundo o ministro, recuperar totalmente essa mesma extensão de rodovias demandaria recursos da ordem de R$ 20 bilhões. Mas ele garantiu que a operação de emergência não tem caráter eleitoreiro e obras de maior porte serão feitas. Um exemplo é a BR-060, de Brasília a Anápolis (GO), que tem 31 quilômetros sendo duplicados somente no trecho entre Goiânia e a capital federal. As obras custam R$ 120 milhões e terminarão neste ano. Nascimento, filiado ao PL do Amazonas, fez a vistoria acompanhado de Sandro Mabel, líder do partido na Câmara. Mabel foi acusado de ter oferecido R$ 1 milhão e uma mesada de R$ 30 mil para que a deputada goiana Raquel Teixeira (PSDB) migrasse para o PL e foi absolvido no processo de cassação. O carro em que o ministro viajava chegou a ultrapassar 120 quilômetros por hora em diversas avenidas de Brasília e trechos de estradas em que o máximo permitido era 60 km/h ou 80 km/h. De acordo com a legislação, exceder em mais de 50% a velocidade permitida em rodovias ou vias de trânsito rápido constitui infração gravíssima, com multa de R$ 574,60 e sete pontos de penalidade.