Título: Retomada da indústria em novembro vai ajudar 2006, dizem economistas
Autor: Cristiano Romero e Paulo de Tarso Lyra
Fonte: Valor Econômico, 10/01/2006, Brasil, p. A4

Depois de crescer apenas 0,1% em outubro, a produção industrial de novembro poderá avançar entre 0,8% e 1,8% com ajuste sazonal, segundo projeção de bancos e consultorias. O dado oficial será divulgado hoje, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os especialistas ouvidos pelo Valor são consensuais quanto a um quadro de retomada tímida da atividade fabril no último trimestre de 2005, que desembocaria numa reaceleração do ritmo de crescimento da indústria em 2006. As projeções variam. O banco Itaú aponta crescimento de 2,9% na indústria este ano. A MCM Consultores prevê taxa de 4%, o Ipea, 4,1%, e a LCA Consultores, 5%. Para 2005, os especialistas trabalham com estimativas entre 2,2% e 3,1%. Um cenário mais favorável para a atividade econômica decorreria de aumento do investimento, declínio da Selic, melhora da agricultura, retomada das obras públicas e aumento do salário mínimo em um ano eleitoral. Desenha-se ainda, como pano de fundo, um pleito presidencial livre das incertezas que marcaram as eleições de 2002. Os economistas consultados acreditam que o número da pesquisa industrial de novembro do IBGE poderá influir no resultado da reunião do Copom, marcada para 18 de janeiro, quando será decidida a nova queda da taxa básica de juros. Para Fabio Giambiagi, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o resultado não deverá oferecer grandes surpresas e dificilmente vai levar o Banco Central a ser menos conservador. Nas projeções macroeconômicas do Ipea para 2006, a indústria deverá crescer 4,1%, ancorada no investimento, mesmo que o juro básico real chegue em dezembro a 10,5%, ou seja, ainda se mantenha em dois dígitos. A estimativa do Ipea para a formação bruta de capital fixo (FBCF) é de uma alta de 7% , com destaque para a atividade da construção civil. O Ipea estima, em 2005, expansão de 3,1% para indústria e PIB de 2,3%. A LCA Consultores está também confiante num reaquecimento da economia este ano e projeta aumento da industria de 5% e crescimento do PIB de 3,9%. Para o último trimestre de 2005, conforme as estimativas da consultoria, a indústria avançaria 1,4% e, no ano, 3,1%. Já o PIB cresceria, 2,7%. Francisco Pessoa Faria, economista da LCA, disse que as previsões "acima da média do mercado" se baseiam em quatro fatores: expectativa de recuperação do setor agrícola, obras públicas (operação "tapa-buraco" e outras obras de infra-estrutura), aumento do salário mínimo, ampliando a demanda por bens de baixo valor, e câmbio sem maiores valorizações. Celso Toledo, economista-chefe da MCM Consultores, espera uma alta de 0,9% na produção industrial de novembro. Mas não crê que o IBGE calcule um dado que mude o cenário de um aumento do PIB entre 2,2% a 2,3% em 2005. Para 2006, trabalha com PIB de 3% a 3,5%, que avalia como "medíocre". Toledo, assim como Giambiagi, do Ipea, não tem dúvidas de que o BC continuará com uma política conservadora no ajuste do juro para baixo. "Projetamos juros reais de 10,3% para este ano". Neste ritmo, avalia que a indústria poderá crescer 4%. "Haverá uma retomada na margem, mas nada muito brilhante." Para o economista, o Brasil está forte do ponto de vista financeiro, "mas a agenda do crescimento continua morna". O informativo semanal do Itaú aponta para alta de 0,8% na indústria em novembro, ante outubro. Mas, Aurélio Bicalho, economista do banco, reconhece que para fechar o 4º trimestre com expansão entre 0,5% e 0,7% será preciso crescimento mais forte em dezembro. O Itaú projeta PIB de 2,2% para 2005 e de 2,5% para 2006.