Título: PMDB quer candidatura própria para presidente
Autor: César Felício, Caio Junqueira e Maria Lúcia Delgad
Fonte: Valor Econômico, 10/01/2006, Política, p. A5

Sob o assédio do PT para compor chapa na disputa pela Presidência da República nas próximas eleições, lideranças do PMDB insistem na tese de candidatura própria e tentam viabilizar Germano Rigotto, governador do Rio Grande do Sul, para a disputa. Dentro do partido, a pré-candidatura de Anthony Garotinho enfrenta resistência e é rejeitada pela ala mais afastada do governo. Germano Rigotto lançará oficialmente sua candidatura no dia 18, em Brasília, e está articulando com os governadores pemedebistas o adiamento da prévia partidária para o fim de março, perto do prazo final para desincompatibilização. No dia 25, a executiva reúne-se para julgar a proposta. O próprio Rigotto reconhece que Garotinho é mais conhecido nacionalmente, mas procura atrair os caciques do partido para apoiá-lo. "O governador Garotinho é o único que arranca com um percentual alto. Qualquer outro nome arranca com um percentual menor. Mas existe muito espaço para crescer", disse. Em plena campanha para atrair apoiadores, Rigotto não pára de viajar: esteve com os governadores Joaquim Roriz (DF), na sexta-feira, Luiz Henrique (SC), no fim de semana, e ontem encontrou-se com Roberto Requião (PR), pela manhã, e almoçou com Orestes Quércia, presidente do estadual de São Paulo, Michel Temer, presidente nacional do partido e Delfim Netto, deputado federal. O governador gaúcho pretende tirar férias do Estado vinte dias antes da prévia para fazer campanha pelo país. Caso as lideranças pemedebistas consigam o adiamento da prévia em duas semanas, de 05 para 19 de março, a configuração da disputa não deverá mudar, mas servirá de recado aos apoiadores de Garotinho para mostrar que ele não tem apoio consolidado dentro do partido. "A candidatura de Rigotto tem um 'condão' mais especial que a do Garotinho. Ele soma melhor o partido", defendeu Quércia. "Há muita dificuldade de aceitação do nome do Garotinho entre os governadores e as lideranças do partido. O ideal é ter uma candidatura de mais tradição. A minha preocupação é o Garotinho ganhar, mas ficar sem o apoio das lideranças. Não queremos que depois da prévia o partido se divida", ponderou. No plano federal, os pemedebistas defendem uma aliança de centro-esquerda e negam alinhamento com PT ou PSDB, principalmente com a manutenção da verticalização, regra que define a manutenção da aliança nacional nas disputas estaduais. "Achamos que o PMDB deve ter candidatura própria. Estão errados aqueles que acham que o PMDB deve continuar a reboque de um outro projeto. Nós não devemos estar nem do lado do PT, nem do PSDB. Nós temos que ter nosso caminho", defendeu Rigotto. Os líderes do partido torcem pelo fim da verticalização, para que possam fazer acordos com os petistas, embora o PT tenha negado ontem que esteja "discutindo abrir mão de candidaturas nos Estados em apoio ao PMDB". Os dois partidos devem fechar acordos em abril, depois das convenções nacionais das legendas.