Título: Carteiras de ações rendem mais no início deste ano
Autor: Danilo Fariello
Fonte: Valor Econômico, 10/01/2006, EU &, p. D2

Fundos Bom desempenho de aplicações em Petrobras, Vale e PIBB ao longo de 2005 se mantém em 2006

Quem respirou fundo e permaneceu nas carteiras de ações, após conferir no encerramento de 2005 avanço de 27,71% do Índice Bovespa (Ibovespa) - terceiro ano consecutivo de alta - colhe os louros da escolha. Na primeira semana deste ano, todas as categorias de fundos de ações, em média, apresentaram rendimento bastante positivo. Os destaques de rentabilidade foram os fundos de privatização e as carteiras compostas pelo Papel Índice Brasil Bovespa (PIBB). Os demais fundos de ações avançaram, em média, 3,80%, segundo o site Fortuna, até o dia 5. O Ibovespa, no mesmo período, subiu 4,42%. Segundo José Costa Gonçalves, diretor da corretora Indusval Multi Stock, apesar de ser óbvio que o índice não avançará em todas as semanas do ano, o desempenho do período ratifica ainda mais uma tendência positiva para a bolsa de valores ao longo de 2006. "É mais um sinal de que os estrangeiros estão comprando ações e que esse não é um movimento de curto prazo." Segundo Costa, essa movimentação dos investidores internacionais é motivo suficiente para estimular os aplicadores daqui a procurar a bolsa de valores. Mas o desempenho da bolsa no ano depende também de outros fatores, como, por exemplo, o lucro das empresas e o destino da taxa de juros brasileira. Na mesma linha do ano passado, os fundos de privatização são os recordistas em rentabilidade nos primeiros dias de 2006. Os fundos com recursos do FGTS da Petrobras apresentam retorno des 6,49%, até o dia 5, e os da Vale do Rio Doce, 5,13% no mesmo período. Nos últimos doze meses, esses fundos renderam, segundo o Fortuna, respectivamente, 71,29% e 42,47%. Para Costa, da Indusval, a Petrobras ganhou mais importância na Bovespa e, portanto, o preço da ação sobe conforme aumenta a procura pelo papel. Além disso, a empresa trilha caminho rumo à auto-suficiência de petróleo pelo Brasil. Já a Vale do Rio Doce tem apresentado, assim como a Petrobras, bons resultados financeiros. "Além disso, as perspectivas de conjuntura econômica, com crescimento forte da China e do preço dos minérios, colaboram com o avanço da ação da Vale." Os fundos PIBB rendem 5,62%, até o dia 5. E, desde sua formação, em setembro do ano passado, estes fundos avançam 58,77%. Costa explica que, por seguir a composição do Índice Brasil 50 (IBrX-50) e não do Ibovespa, os fundos PIBB tiveram vantagens nos últimos tempos. "O Ibovespa teve seu avanço reduzido por conta do peso forte de ações de telefonia, que não foram tão bem." Já o IBrX-50 concentra-se exatamente em Vale, Petrobras e bancos, que também tiveram sucesso em 2005. No geral, os fundos de investimento registraram, na primeira semana do ano, forte captação, de R$ 3,162 bilhões. O patrimônio total das carteiras de investimento na semana passada era de R$ 638 bilhões, segundo o Fortuna. Destaque no volume de aportes foram os fundos curto prazo, que tiveram captação líquida de mais de R$ 1 bilhão nos primeiros quatro dias de 2006. No entanto, esse é um movimento inverso ao apresentado no último mês de 2005, quando essas carteiras tiveram saques em R$ 1,78 bilhão. Segundo Marcelo D'Agosto, sócio do Fortuna, este pode ser um movimento de acomodação após o excesso de resgates desse fundos no fim do ano, para o pagamento de despesas extras por parte das empresas.