Título: Siderúrgicas lucram R$ 3,7 bilhões
Autor: Ivo Ribeiro
Fonte: Valor Econômico, 17/11/2004, Empresas & Tecnologia, p. B1

Desempenho Usiminas ganha R$ 1 bilhão e só fica atrás do Gerdau, mas tem a melhor margem

As fabricantes de aço nunca ganharam tanto dinheiro como neste ano. No terceiro trimestre, os balanços apresentaram resultados recordes para as companhias brasileiras, com destaque para o grupo Gerdau, que chegou próximo de R$ 1,1 bilhão, e para o grupo Usiminas (incluindo a controlada Cosipa), que superou a marca de R$ 1 bilhão. A demanda mundial continuou em alta, o consumo no Brasil cresceu e os preços domésticos e no exterior tiveram aumentos de até 60% na média. As vendas de aços planos no país vão superar 10 milhões de toneladas, puxadas pelo aquecimento da indústria automotiva e pelos setores ligados ao agronegócios, como máquinas e equipamentos e implementos agrícolas. O crescimento esperado é de 13% no ano, disse Rinaldo Campos Soares, presidente do grupo Usiminas. No segmento de aços longos, o mercado também observa reaquecimento da demanda de vergalhões e outros produtos usados na construção civil, na agro-pecuária e na área indústrial. A receita líquida das oito empresas de capital aberto cresceu 57% no terceiro trimestre, de R$ 10,18 bilhões para R$ 16 bilhões. O lucro líquido saltou de R$ 1,006 bilhão para R$ 3,738 bilhões no período - um aumento de 271%. Os números mostram que o desempenho das empresas teve expressiva melhora. O lucro da atividade, que mede o resultado operacional, cresceu 145,7%. O total das oito empresas alcançou R$ 5,799 bilhões, ante R$ 2,36 bilhões de julho a setembro de 2003, período em que a economia brasileira começou a dar sinais de reaquecimento (a partir de agosto). A margem líquida dos resultados das siderúrgicas mais que dobrou no trimestre passado, comparado com igual tempo do ano anterior - passou da média de 9,88% para 23,35%. O destaque ficou por conta da Usiminas, que quintuplicou sua margem líquida do terceiro trimestre de 2003 para o deste ano. O número da companhia mineira, que divulgou seu balanço consolidado ontem, pulou de 6,21% para 30,59%. O grupo Gerdau, que apresentou a maior receita líquida do setor, ficou com 20,47% nesse indicador. Mas, em rentabilidade sobre o patrimônio líquido, o grupo gaúcho manteve-se à frente, com 45,17%. A Usiminas teve 40,04%. As perspectivas para 2005 são também promissoras, embora ninguém acredite que os lucros deste ano serão repetidos. Soares, da Usiminas, disse que a expectativa de crescimento da demanda no Brasil é de 6%. Os preços internacionais dão sinais de arrefecimento no mercado americano, onde alcançaram patamares nunca visto antes. "Haverá um pequeno ajuste para baixo, mas nada que signifique uma queda brusca", afirma o executivo. A Usiminas viveu um dos seus melhores momentos no trimestre passado. A receita consolidada cresceu 65,8%, para R$ 3,284 bilhões. De janeiro a setembro, o valor somou R$ 8,42 bilhões e o resultado operacional, pelo conceito Lajida, atingiu R$ 3,8 bilhões - metade desse valor foi obtida no terceiro trimestre. "Os preços médios dos aços vendidos pelo grupo Usiminas foram 41% superiores ao período de julho a setembro de 2003", informou Soares. Segundo ele, a empresa vem operando à plena carga, no ritmo anual de 9 milhões de toneladas de aço bruto. As vendas totais da companhia subiram 5% até setembro, somando 5,89 milhões de toneladas. Uma das grandes prioridades da Usiminas foram alcançadas, ressaltou Soares. A redução do endividamento da companhia alcançou R$ 1,345 bilhão até setembro. Até o fim de outubro, informou o executivo, esse valor foi acrescido de R$ 240 milhões de uma debênture quitada da Cosipa. "Com isso, em 10 meses já atingimos US$ 541 milhões. Deveremos ultrapassar US$ 600 milhões, o dobro do que previmos no início do ano."