Título: Analistas apostam em queda mais forte do juro
Autor: Sergio Lamucci e Raquel Salgado
Fonte: Valor Econômico, 11/01/2006, Brasil, p. A3

O resultado frustrante da produção industrial em novembro reforçou a aposta de que o Banco Central deverá acelerar o ritmo de corte dos juros na reunião da semana que vem que vem do Comitê de Política Monetária (Copom). Em vez de uma redução de 0,5 ponto percentual, o BC promoveria uma queda de 0,75 ponto. Para a economista Giovanna Rocca, do Unibanco, o comportamento fraco da indústria, aliado às boas perspectivas para a inflação, indica que há espaço para uma redução maior dos juros, de 0,75 ponto. Vale lembrar que as taxas reais ainda continuarão elevadas mesmo com uma queda dessa magnitude. Insistir em juros tão altos pode dificultar ainda mais a recuperação da atividade. O economista-chefe do ABN AMRO, Mário Mesquita, também avalia que o desempenho fraco da produção industrial reforçou a possibilidade de uma redução de 0,75 ponto da Selic, ainda que haja alguma preocupação com o comportamento de curto prazo da inflação. Nos 30 dias terminados em 7 de janeiro, o IPC-S da Fundação Getúlio Vargas (FGV) mostrou alta de 0,69%, o que preocupou alguns analistas por se tratar de um índice com forte correlação com o IPCA, do IBGE - o indicador que serve de referência para o regime de metas. O IPCA de dezembro sai amanhã. Mas esse temor não impede que a maior parte dos economistas aposte num corte maior que 0,5 ponto. Afinal, como lembra a economista Thaís Zara, da Rosenberg & Associados, reduzir os juros em 0,75 ponto neste mês não pode ser considerado necessariamente um maior afrouxamento monetário: como as reuniões do Copom vão ocorrer a cada 45 dias, dois cortes de 0,75 ponto equivalem a três reduções de 0,5 ponto. O economista da LCA Consultores, Francisco Pessoa Faria, também aposta em queda de 0,75 ponto, mas não acredita que esse movimento será influenciado pelo desempenho da produção industrial. Para ele, "o BC vai cortar mais porque daqui para frente as reuniões serão realizadas de 45 em 45 dias e não mais mensalmente". (SL e RS)