Título: Brasil terá de apresentar dois nomes para comando da tropa no Haiti
Autor: Paulo de Tarso Lyra
Fonte: Valor Econômico, 11/01/2006, Brasil, p. A4

O corpo do general Urano Bacellar, que comandou durante quatro meses as forças de paz da Organização das Nações Unidas (ONU) no Haiti, segue hoje de manhã para o Rio, onde será enterrado. Antes da viagem, o militar será homenageado na Base Aérea de Brasília, em uma cerimônia que contará com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ontem, o comandante do Exército, general Francisco Albuquerque, e o vice-presidente José Alencar confirmaram que serão apresentados dois nomes - seguindo uma exigência da ONU - para substituir o general Bacellar no comando das forças de paz. A preferência do governo brasileiro recai sobre o general José Elito Carvalho Siqueira, comandante da 6ª Região Militar. Alencar e Albuquerque também defenderam a permanência das tropas brasileiras no Haiti. "É importante neste mundo globalizado a busca da paz, a solução dos problemas em alguns países, um bom relacionamento com outros países. Entendemos que a missão reforça a posição, a projeção internacional do Brasil", disse o general. A defesa enfática da continuidade da ação no Haiti ocorreu na mesma manhã em que o corpo do general Urano Bacellar chegou à Base Aérea de Brasília. Albuquerque acredita que a manutenção do Brasil no comando da força de paz ajuda a projetar a imagem nacional no exterior. Para ele, a tropa brasileira já superou o baque da morte do seu comandante no Haiti. Sobre a indicação do general José Elito Carvalho Siqueira, Alencar reconheceu que a hipótese já havia sido levantada no sábado. "O nome do general Siqueira foi citado pelo general Albuquerque na conversa que tivemos no sábado. Não liberei antes porque esperei a declaração do comandante, até para evitar frustração", justificou o vice-presidente. Alencar acredita que este não é o melhor momento para questionar a missão de paz no Haiti, embora reconheça que qualquer brasileiro pode fazê-lo. "Toda missão militar envolve risco", resumiu o vice-presidente. Para Albuquerque, ao participar de missões desta natureza, o Brasil reforça sua defesa de soluções multilaterais. "Reafirma o compromisso do Brasil com o respeito aos direitos humanos, a defesa da paz e a cooperação entre os povos", resumiu. "Reafirma o compromisso do Brasil com os propósitos da Carta das Nações Unidas", completou. O comandante do Exército lembrou que o Brasil participa, no momento, de nove missões de paz em todo mundo e, ao longo do tempo, já atuou em 34 missões dessa natureza. "Isso é feito apesar de todas as probabilidades de perder nossos homens. Agora, nós damos toda proteção, damos todos os treinamentos a esses homens. São homens preparados", disse o comandante do Exército, enaltecendo as qualidades do general Urano Bacellar. O general Albuquerque reconheceu as dificuldades orçamentárias vivida pelas Forças Armadas. "As dificuldades são muitas. Não são de agora. Há 20 anos que as restrições (orçamentárias) existem. Agora temos recebido uma atenção forte para cuidar dessa situação (Haiti)", admitiu o comandante do Exército.