Título: Fundos de pensão voltam a criticar relatório de CPI
Autor: Thiago Vitale Jayme
Fonte: Valor Econômico, 11/01/2006, Política, p. A6

Reunidos ontem num hotel em São Paulo, representantes dos 14 fundos de pensão, que tiveram seus sigilos quebrados pela CPI dos Correios, buscaram se apoiar na divulgação de inúmeros dados sobre as suas operações e na presença de representantes do sistema financeiro para combater, mais uma vez, os números do relatório preliminar apresentado pelo sub-relator da comissão, deputado ACM Neto (PFL-BA), que apontou perdas de R$ 730 milhões nos fundos. Segundo os fundos, o relatório não apresenta metodologia, o que não lhes possibilita sequer o direito de defesa. Segundo Fernando Pimentel, presidente da Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Complementar (Abrapp), instituições como Associação Nacional dos Bancos de Investimento (Anbid), Andima, BM&F e Bovespa enviaram representantes ao evento dos fundos, organizado para esclarecer dados do relatório e problemas enfrentados pelos fundos no último ano. Assim que o relatório da CPI foi divulgado, as lideranças do setor de fundos de pensão começaram a se movimentar para mobilizar apoios no sistema financeiro, uma vez que as operações são feitas por agentes privados e dentro dos ambientes de negociação (bolsas). Segundo fonte ligada à Abrapp, a entidade está fechando com a BM&F parceria para realizar nas próximas semanas um seminário para imprensa e outros formadores de opinião sobre as operações de hedge (proteção) - que foram abordadas no relatório da CPI. Na avaliação dos representantes dos fundos, o documento pode ter contabilizado apenas uma ponta da operação, que é feita em duas partes (no mercado à vista e no mercado futuro). A idéia é tentar explicar melhor as operações realizadas. No encontro, as críticas foram também de direcionamento político na elaboração do relatório. Representantes da Previ (do Banco do Brasil) e Funcef (da Caixa Econômica Federal) rejeitaram as acusações de influência política na indicação de cargos-chave nas instituição por conta do ex-ministro Luiz Gushiken. "Essas denúncias são infundadas. Não me consta que tenha havido evidência dessas acusações", disse ele. Apesar das críticas, os fundos reconheceram os problemas ocorridos. A nova gestão do Nucleos, por exemplo, que assumiu há poucos meses, admitiu que irregularidades em operações geraram perdas para o fundo. Os dados foram apontados por uma auditoria interna contratada pela nova gestão. ACM Neto considerou as críticas dos fundos atos de aflição: " Isso é desespero de investigado. Eles estão na iminência de, pela primeira vez, virem a público esclarecer à nação, e de forma transparente, como são aplicados os recursos dos fundos de pensão " . (Com agências noticiosas)