Título: "É preciso estar disposto a ceder na disputa", diz Aécio a Alckmin
Autor: Raymundo Costa
Fonte: Valor Econômico, 11/01/2006, Política, p. A7

O governador de Minas Gerais, Aécio Neves, mandou ontem um recado ao colega paulista Geraldo Alckmin. Mais do que estar preparado para disputar, é preciso estar preparado para abrir mão da disputa. Para ceder, caso não seja indicado pela maioria do partido. "O PSDB tem um projeto para o país e esse projeto para o país é muito maior que a vaidade, que o projeto individual, muitas vezes legítimo, de qualquer um de seus membros", declarou. Uma disputa interna, na visão de Aécio Neves, sinalizaria para a população brasileira que o PSDB ainda não está preparado para voltar ao Palácio do Planalto. Quando projetos individuais se sobrepõem aos projetos partidários, alertou, é a legenda quem perde. O mineiro disse ontem que o colega paulista Geraldo Alckmin, em sua opinião, só deve se desincompatibilizar do governo de São Paulo se for o candidato consensual do PSDB. "Pode até se desincompatibilizar, mas para disputar um outro cargo", afirmou. Aécio lembrou que o que vem dizendo nesse processo, sobre nenhum candidato ser candidato apenas por sua vontade pessoal, foi interpretado por alguns como um recado ao prefeito de São Paulo, José Serra. Mas avisou: "Serve também para o governador Alckmin". Questionado sobre o nome que apoiaria, no caso de o partido ficar dividido entre Serra e Alckmin, Aécio evitou uma resposta. "Ambos são candidatos absolutamente qualificados, em condições de disputar e vencer as eleições." O governador de Minas aposta no fato de que haverá, sim, consenso partidário em torno de um único nome até março. Janeiro e fevereiro, segundo ele, serão meses de conversas profundas com dirigentes estaduais, governadores e lideranças tucanas, como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. "É natural que o PSDB tenha nomes que se coloquem com disposição pessoal de disputa, mas esse não é o principal critério", declarou ele. Questionado sobre sua disposição pessoal de ser o candidato à presidência do partido, Aécio Neves disse que sua estratégia é continuar observando o quadro. "Não acho, repito, que essa questão se definirá por atos apenas de vontade pessoal." O governador lembrou que as pesquisas mostram que a população de Minas, majoritariamente, quer sua recandidatura ao Palácio da Liberdade. "Mas, nem essa decisão está tomada e eu a tomarei apenas no mês de março." Citando um ex-governador mineiro, disse que política é como nuvem. "Hoje as coisas estão de um jeito, pode ser que daqui a dois meses estejam de um jeito diferente e não há porque eu me antecipar."