Título: PFL prepara-se para assumir governos paulistas
Autor: Raymundo Costa
Fonte: Valor Econômico, 11/01/2006, Política, p. A7

Acompanhando a disputa entre os tucanos Geraldo Alckmin e José Serra, o PFL começa a rever posições para a eleição presidencial e prepara-se para um cenário em que poderá assumir o Estado de São Paulo e a prefeitura da capital. O presidente nacional do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC), desembarca hoje em São Paulo para uma conversa com o vice-governador, Cláudio Lembo, e o vice-prefeito, Gilberto Kassab. O partido poderá insistir no lançamento de uma candidatura própria ao governo estadual e não descarta a manutenção de uma candidatura própria também à Presidência da República, caso seja mantida a verticalização das alianças - regra que proíbe os partidos que se coligarem nacionalmente de realizar alianças distintas nos Estados. Lembo havia declarado que o partido deveria desistir de candidatura própria no Estado e fechar uma aliança com o PSDB. Bornhausen pretende fazê-lo recuar dessa estratégia. Como os tucanos não têm candidato natural ao governo de São Paulo, o PFL terá mais cacife nas negociações. O partido aponta como prováveis pré-candidatos Guilherme Afif Domingos (presidente da Associação Comercial de São Paulo) e o senador Romeu Tuma. O PFL evita comentários sobre os ruídos tucanos, mas caso a briga entre a cúpula do PSDB não chegue a bom termo, a aliança tão provável num primeiro turno pode ser revista. Outro aspecto que influencia a união de tucanos e pefelistas é a Vice-Presidência. Integrantes da cúpula pefelista consideram pouco provável o prefeito do Rio de Janeiro, Cesar Maia, desistir da administração municipal para ocupar a vice. "Cesar Maia só deixa a Prefeitura do Rio se for para disputar a Presidência", sentenciou um dirigente do PFL. Num outro cenário, se as conversas com o PSDB progredirem, o PFL já trabalha com a hipótese de indicar para a Vice o próprio Bornhausen. Para membros da direção partidária, o senador seria o único com perfil para brigar pela legenda e exigir representatividade - em ministérios - num futuro governo do PSDB. "O PFL só decidirá sua posição sobre eleição presidencial em março. Temos um pré-candidato (Cesar Maia), lançado com apoio unânime do partido", afirmou Bornhausen. Sobre a disputa entre Alckmin e Serra, o presidente do PFL afirmou que se trata de uma decisão interna do PSDB. "Nós respeitamos", disse. "Eles têm dois nomes de excelente qualidade. Não somos nós que vamos escolher por eles", emendou o senador. Nos bastidores, a análise do PFL é que Alckmin soube aproveitar bem o único trunfo que tinha. É o seu último ano de mandato e ele terá que se desincompatibilizar de qualquer forma, para disputar a Presidência ou o Senado. Serra, no entanto, teria vantagens comparativas, teorizam os pefelistas. A atitude do governador só poderá ser considerada desleal, caso ele antecipe a saída antes do prazo final da desincompatiblização, que é 31 de março. Os pefelistas disseram ainda que a declaração de Cláudio Lembo a favor da candidatura majoritária do PSDB no Estado é uma espécie de "efeito Alckmin", que não condiz com as estratégias da direção partidária.