Título: TAP e JP Morgan buscam saída para a Varig
Autor: Janaina Vilella
Fonte: Valor Econômico, 11/01/2006, Empresas &, p. B2

Aviação Banco e estatal portuguesa tentam concluir hoje uma operação de recebíveis para a aérea brasileira

A estatal portuguesa TAP e o banco JP Morgan correm contra o tempo para garantir a conclusão de uma operação de recebíveis para a Varig poder quitar até amanhã uma dívida de US$ 56 milhões com as empresas de leasing nos Estados Unidos. A Varig conseguiu US$ 29 milhões gerados com fluxo de caixa. O JP Morgan e a TAP estão trabalhando para fechar a operação até hoje. Mas caso o dinheiro não seja depositado dentro do prazo fixado pela corte de falências de Nova York, um ofício do JP Morgan no qual as empresas garantem a conclusão da operação em até dois dias poderá ser apresentado ao juiz Robert Drain. A TAP já conseguiu a liberação dos recebíveis que estavam retidos pela BR Distribuidora no JP Morgan, e aguarda a conclusão de alguns pontos ainda pendentes. "Falta assinar a minuta do contrato e finalizar algumas questões comerciais", disse uma fonte envolvida na negociação. A Varig também conta com a devolução de US$ 30 milhões que foram pagos antecipadamente à Iata (Associação Internacional de Transporte Aéreo) para quitar parte das dívidas e fazer caixa. O prazo de blindagem contra a falência da Varig acabou no domingo. A empresa, conforme determina a legislação, terá amparo legal pelos próximos 24 meses desde que coloque em prática todos os compromissos do plano de recuperação aprovado, incluindo o pagamento a credores. Ao mesmo tempo em que corre para conseguir dinheiro para pagar as empresas de leasing, a Varig mantém as negociações sobre a venda das subsidiárias VarigLog (transporte de cargas e logística) e VEM (manutenção). A entrada da TAP na operação dos recebíveis visa fortalecer sua posição na negociação para aquisição da VEM. Na semana passada, a Varig enviou uma petição aos juízes que acompanham o caso informando que iria vender a VEM para a TAP e a VarigLog para o fundo americano Matlin Patterson. Mas executivos ligados ao Matlin disseram ao Valor que a proposta para comprar as subsidiárias havia perdido a validade e que as negociações voltariam à estaca zero. A assessoria de imprensa da Varig informou que o fundo americano não manifestou oficialmente qualquer interesse em sair da disputa pelas empresas ou em retirar a oferta apresentada em dezembro, que segundo a aérea não teria prazo de validade definido. A empresa Ansett Worldwide Aviation, que tem 14 aviões em leasing para a Varig, entrou esta semana com pedido de retirada da liminar que protege a aérea contra arresto de aviões. No pedido ao tribunal de falências de Nova York, a Ansett afirma que o processo de "canibalização" dos aviões continua, com a retirada das peças de aeronaves paradas. O advogado da empresa, Sheldon Solow, preferiu não comentar a ação da Ansett na audiência de quinta-feira e afirmou que o pedido não pode ser interpretado como um sinal de que a arrendatária iniciará procedimentos para retomada de aeronaves. (Colaborou Tatiana Bautzer, de Washington)