Título: Estatal descarta mudanças na Nigéria
Autor: Vera Saavedra Durão e Francisco Góes
Fonte: Valor Econômico, 11/01/2006, Empresas &, p. B5

A compra, pela petrolífera chinesa CNOOC, de uma participação de 45% no campo gigante de exploração de petróleo e gás de Akpo, na Nigéria, não preocupa a Petrobras. A estatal brasileira detém 16% do projeto, cujo início de produção está previsto para 2008. Os outros sócios são a nigeriana South Atlantic Petroleum Limited (Sapetro), que vendeu parte da sua participação no negócio para a CNOOC, e a francesa Total, operadora do campo. "O negócio (a entrada da CNOOC) não afeta em nada nossa situação e o consórcio continuará funcionando da mesma maneira", disse ontem o presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli. Akpo é um campo com reservas de gás e petróleo leve (entre 47 e 50 graus API) e está situado no mar, a cerca de 1,4 mil metros de profundidade. Após a entrada em produção, no fim de 2008, Akpo deverá atingir o ponto máximo de 225 mil barris de óleo equivalente por dia, dos quais 80% são qualificados como condensado (do tipo leve, o mais valorizado do mercado). Quando entrar em produção, a Petrobras terá a opção de importar o óleo de Akpo, para refiná-lo no Brasil, ou poderá comercializá-lo em outros destinos, disse João Carlos Araújo Figueira, gerente-executivo da área internacional da estatal. Ele acrescentou que não haverá mudanças na operação do campo com o ingresso dos chineses. "A entrada da CNOOC não mexe no nosso equity (participação no negócio), nem em processos de aprovação, porque o projeto já está aprovado. O operador é a Total e os trabalhos estão de acordo com o cronograma", disse Figueira. Ele informou que até o momento a Petrobras investiu na Nigéria cerca de US$ 500 milhões, considerando todas as atividades exploratórias e de desenvolvimento da produção. Além de Akpo, a Petrobras tem participação no campo de Agbami e atividades exploratórias em outros blocos. A Nigéria é prioritária nos planos internacionais da estatal e o principal foco de atuação na África. Figueiras disse que, em agosto do ano passado, a Petrobras, a Statoil e uma empresa nigeriana ganharam licitação para arrendar um bloco, também em águas profundas. O consórcio pagou um bônus de assinatura de US$ 180 milhões. O bloco é operado pela Petrobras e a estatal tem participação de 40% no negócio. "As perspectivas na Nigéria são ótimas. O país tem excelentes oportunidades e temos iniciativas prontas para entrarem em produção a partir de 2008", disse Figueira. (FG)