Título: Para analista, CSN tem perfil para adquirir Corus
Autor: Assis Moreira
Fonte: Valor Econômico, 11/01/2006, Empresas &, p. B6

A CSN (Siderúrgica Nacional) seria uma candidata ideal para adquirir a inglesa Corus, numa reversão do fracassado projeto de fusão de julho de 2002. Esse é o cenário traçado pelo analista do Société Générale (SG), Luz Pez, em estudo sobre o mercado global de aço. No momento, as atenções sobre o processo de consolidação no setor estão concentradas na briga entre Arcelor e ThyssenKrupp pelo controle da canadense Dofasco. Já na Europa ocidental, as chances de fusão e aquisição são poucas, na avaliação de Pez. Para ele, o quadro mais provável seria a Corus ser adquirida por um produtor de país emergente, que se beneficiaria de uma base com baixo custo de produção, poderia colocar o pé numa região onde a Corus tem fatias de mercado expressivas: 9% das montadoras na União Européia. Nesse cenário, Pez conclui que Mittal Steel e CSN, altamente integradas verticalemente e interessadas no negócio de "downstream", seriam compradores ideais. O obstáculo, admite o analista francês, é o premio embutido no preço da Corus, entre 5 e 15%, e a limitada capacidade financeira dos dois emergentes no momento. Globalmente, a industria do aço é fragmentada. A consolidação ocorrida de 2000 a 2004 foi principalmente resultado das falências nos EUA. Surgiram gigantes: Arcelor (capacidade mais que dobrou, para 51 milhões de toneladas) e a indiana Mittal, de 20 milhões para 69 milhões de toneladas ao ano. O nível de concentração na China é ainda muito baixo comparado a de outras regiões. O governo quer acelerar a fusão dos mais de 800 produtores em dez grandes unidades. Quando a consolidação terminar, Pequim planeja ter apenas dois ou três grandes grupos no país - e eles devem estar entre os maiores do planeta. Para Perlitz, do Deustche, a consolidação é um imperativo: somente produtores com capacidade anual de 100 milhões de toneladas ou mais poderão dominar o mercado global de aço em dez a 15 anos. A necessidade de aquisições é grande. Basta ver que a Arcelor precisaria quase dobrar o porte. A avaliação do Deutsche Bank é de que aquisições na China, Índia e América do Sul são lucrativas, com suas imensas reservas de matérias-primas, custos menores e preço da energia favorável.