Título: Negociação por cotas maiores continua em Genebra
Autor: Alda do Amaral Rocha e Robinson Borges
Fonte: Valor Econômico, 17/11/2004, Agronegócios, p. B10

Em negociações ontem na Organização Mundial de Comércio (OMC), o Brasil manteve a pressão para a Rússia melhorar as condições de acesso das carnes brasileiras a seu mercado em 2005. É um dos temas centrais da agenda de conversações sobre o apoio de Brasília ao acesso russo na OMC, que continua hoje em Genebra. O vice-ministro russo de Desenvolvimento, Maxim Medvedikov, acredita que se um acordo sobre as carnes não for alcançado até a visita do presidente Vladimir Putin ao Brasil, na semana que vem, "não haverá problema, porque podemos chegar rapidamente a um entendimento mais tarde". O negociador russo não deu qualquer indicação de que Moscou poderia atender às demandas brasileiras. Mas o secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento do Brasil, Márcio Fortes, fica em Genebra até quinta-feira na expectativa de alcançar um acordo informal melhor do que o obtido em fevereiro. Com aquele acordo, negociado por Fortes em Moscou, o Brasil está conseguindo exportar usando cotas não preenchidas por outros países. Segundo Fortes, isso tem permitido exportações brasileiras bem acima das cotas atribuídas pelos russos para todos os "outros países" - exceto Estados Unidos e União Européia, que abocanharam a maior parte das cotas. Segundo o governo brasileiro, até outubro o país exportou 181 mil toneladas de carne de frango para a Rússia, ante a cota de 68 mil toneladas que Moscou destinou para os "outros" em 2004. No caso da carne bovina, os embarques brasileiros chegaram a 127 mil toneladas, também superior à cota de 68 mil toneladas reservada aos "outros". Para a carne suína, as vendas foram de 240 mil toneladas, enquanto a cota para os "outros" foi fixada em 179 mil toneladas. "Estamos otimistas", resumiu Márcio Fortes após discussões com os russos ontem cedo. Ele insistiu que está negociando todo o pacote de acesso da Rússia à OMC, e não apenas as carnes. Um diplomata russo confirmou que outro problema com o Brasil envolve a exportação de açúcar. Brasília rejeita o sistema de banda de preços imposto por Moscou para o produto. A Rússia também sofre pressões de EUA e UE para fazer concessões, em contrapartida a sua tentativa de entrar na OMC. Mas os russos acreditam que assinarão acordos bilaterais com entre cinco e seis países, sobre seu acesso na OMC, durante a conferência do Fórum de Cooperação Econômica Ásia-Pacífico, na próxima semana, no Chile.