Título: Preços dos suínos voltam a subir em Santa Catarina
Autor: Alda do Amaral Rocha e Robinson Borges
Fonte: Valor Econômico, 17/11/2004, Agronegócios, p. B10

A suspensão do embargo russo às carnes produzidas em Santa Catarina trouxe de volta às compras os principais frigoríficos do país. Aurora, Sadia e Perdigão adquiriram mais suínos nos últimos dias, já apostando nos rumores de que o embargo cairia. Para os produtores catarinenses, houve alívio e melhora de preços. O embargo russo foi suspenso apenas para as carnes de Santa Catarina, o maior exportador de aves e suínos do país. Rumores de que a Rússia suspenderia a medida começaram na semana passada, dias depois do retorno da missão brasileira à Rússia, que foi chefiada pelo vice-presidente José Alencar. Entre os participantes da comitiva estava o governador de Santa Catarina, Luiz Henrique da Silveira (PMDB). O produtor independente Alfeu Petkov, da região de Concórdia, no oeste catarinense, sentiu melhora da procura por suínos já na quarta-feira da semana passada. Segundo produtores, frigoríficos como Sadia, Aurora e Perdigão voltaram a comprar e o preço para o produtor retomou o fôlego. De acordo com Petkov, o quilo do suíno, que já estava caindo para R$ 2,20, voltou ao patamar de R$ 3. "O poder de barganha de preço retornou para o produtor. Já estou segurando algumas vendas, apostando na melhora de preços na próxima semana", diz ele, que vendeu desde quarta-feira cerca de 600 animais.

Segundo a Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carnes Suína (Abipecs), as exportações de carne suína brasileira caíram 42% em outubro em relação ao mesmo mês do ano passado. O preço para o produtor integrado aos frigoríficos subiu R$ 0,05 no dia 11 passado, para R$ 2,25 o quilo mais o valor pago por tipificação de carcaça. Já para o produtor independente, o preço já atinge um dos melhores níveis de todos os tempos, a R$ 3 o quilo. O presidente da Coopercentral Aurora, José Zeferino Pedrozo, disse que a suspensão foi um reconhecimento dos esforços dos produtores e das indústrias catarinenses em manter um elevado padrão sanitário. Segundo ele, a Aurora poderá retomar os embarques para a Rússia já nos próximos dias. A empresa, que durante o embargo direcionou sua produção ao mercado nacional, espera voltar a exportar os mesmos níveis anteriores à suspensão russa, cerca de 10 mil toneladas de carne suína por mês. Segundo Vladimir Prestes, gerente administrativo da Welby, certificadora de carnes que seguem para a Rússia, localizada em Itajaí, a fiscalização das carnes no Estado será normalizada a partir de hoje. A suspensão do embargo à exportação de carne de Santa Catarina para a Rússia pode ser uma resposta ao projeto encaminhado pelo vice-presidente José Alencar ao vice-ministro da Agricultura russo, Alexei Gordeev, em sua visita a Moscou, em outubro. Alencar propôs que o Brasil fosse dividido em regiões sanitárias e que se houvesse foco de aftosa em uma região, apenas a produção daquela localização sofreria embargo. Este foi o segundo embargo russo neste ano às carnes brasileiras. O primeiro embargo ocorreu em junho, quando foi confirmado foco de febre aftosa no Pará, também em uma região não exportadora. A suspensão do embargo vale também para as carnes de frango e bovino produzidas em Santa Catarina.