Título: Bancos subiram juros em 2005, mostra Procon
Autor: Janes Rocha
Fonte: Valor Econômico, 11/01/2006, Finanças, p. C8

Crédito

As taxas de juros dos bancos para as linhas de crédito pessoal e cheque especial praticamente não se alteraram na virada de 2005 para 2006, mas estão mais altas se comparadas com o que se praticava um ano atrás. E apesar do custo elevado do dinheiro, os consumidores pelo menos ganharam mais prazo para pagar suas dívidas. É o que se constata a partir de duas pesquisas divulgadas ontem - a pesquisa mensal de taxa de juros realizada pela Fundação Procon São Paulo e a da Telecheque, que procurou traçar um perfil dos consumidores inadimplentes do varejo. De acordo com a pesquisa do Procon, os juros médios para o empréstimo pessoal, que eram 5,22% ao mês (84,13% ao ano) em janeiro de 2005, subiram para 5,42% na última pesquisa, realizada dia 3 de janeiro de 2006. No cheque especial, a média subiu de 8,10% (154,57% ao ano) para 8,31% ao mês (160,54%). O levantamento do Procon é feito através de uma equipe de pesquisadores enviados para as agências dos nove principais bancos brasileiros - HSBC, Santander/Banespa, Bradesco, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Itaú, Nossa Caixa, Real e Unibanco. Segundo o Procon, os bancos mantiveram praticamente inalteradas suas taxas médias entre dezembro e janeiro, sendo que, no cheque especial, a média está inalterada há três meses consecutivos. No empréstimo pessoal, dois dos bancos pesquisados reduziram os juros, o que resultou em uma pequena queda na taxa média (apenas 0,02 ponto percentual), em relação a dezembro. "Esse comportamento evidencia a cautela do mercado financeiro frente aos rumos da política monetária", interpreta o órgão. "Depois de dois anos de significativa expansão do crédito para pessoa física - principalmente em decorrência do avanço do crédito consignado -, há previsões de uma desaceleração em 2006". A partir de entrevistas com mais de cinco mil pessoas ao longo do ano passado, a Telecheque descobriu que os pagamentos que antes eram feitos em no máximo três parcelas "hoje chegam a dez, doze parcelas". O objeto da pesquisa da Telecheque é traçar um perfil dos inadimplentes do cheque; o prazo de pagamento é apenas um dos dados do levantamento. Mais da metade dos entrevistados (55%) revelou que o descontrole financeiro é a maior causa da inadimplência, seguido do empréstimo de cheques a terceiros (o chamado "empréstimo do nome") e atraso salarial.