Título: Centrus tem R$ 52 mi no Santos
Autor: Catherine Vieira
Fonte: Valor Econômico, 17/11/2004, Finanças, p. C1

Intervenção Fundo de pensão dos funcionários do BC é um dos que aplicou na asset do banco

O Centrus, fundo de pensão do Banco Central, possuía pelo menos R$ 52 milhões administrados pelo Banco Santos, agora sob intervenção do seu patrocinador. Segundo levantamento feito pelo Valor junto aos dados da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e do site Fortuna, mais de 15 fundos de pensão mantinham aplicações em fundos de investimento (FIFs) no Banco Santos. Outras fundações, no entanto, como é o caso da Funcef - dos funcionários da Caixa Econômica e terceira maior do país - não tinham FIFs administrados pelo Santos, mas possuíam em suas carteiras CDBs emitidos pela instituição que está sob intervenção. A posição dos que aplicam no Santos via fundos de investimento, no entanto, deverá resultar em prejuízos bem menores do que daqueles que possuíam depósitos à vista ou a prazo (CDBs). No caso dos fundos, os ativos em carteira são de propriedade dos cotistas, que podem deliberar por uma troca de administrador da carteira. As perdas são determinadas pela qualidade dos ativos que compõem essas carteiras. No caso da Centrus, por exemplo, o regulamento do fundo é bastante rígido e limita a 10% as aplicações fora de títulos públicos federais. Já em outras carteiras, pode haver um percentual maior de CDBs ou outros papéis de crédito privado, o que poderá ocasionar perdas maiores. No caso da Funcef, o diretor de investimentos Demósthenes Marques informou que, por questão de conservadorismo, uma perda de R$ 10 milhões relativa aos CDBs do Banco Santos começará a ser provisionada nos balanços do fundo a partir de agora. "Isso não quer dizer que estamos dando esse dinheiro como totalmente perdido, ainda pode ser que uma parte ou a totalidade dele seja recuperada", disse Marques. "Estamos marcando esses CDBs pelo valor de zero por questões de conservadorismo, até que tenhamos uma solução definitiva para o caso." Outro fundo que, como a Funcef, perdeu com CDBs do Santos, foi o Fibra, dos funcionários de Itaipu. Em nota oficial, o Fibra informa que possui R$ 16,8 milhões aplicados em CDBs do banco sob intervenção, o que representa 1,79% da carteira de investimentos do fundo de pensão. Além do Centrus aplicavam em fundos exclusivos do Santos fundações como a Real Grandeza (dos funcionários de Furnas), a Ceres (da Embrapa), a Fundação Corsan e a Geap (fundo de servidores públicos), entre outros, praticamente todos de empresas estatais. O Centrus é o sexto maior fundo de pensão do país, com uma carteira de investimentos de cerca de R$ 9 bilhões. A Real Grandeza, que possui pelo menos R$ 65 milhões aplicados no Santos, ocupa a décima posição, com ativos de R$ 4 bilhões. O fundo não quis comentar o assunto. Segundo uma fonte do setor, o maior fundo de pensão do mercado brasileiro, a Previ, não possuía mais aplicações com o Banco Santos há pelo menos dois meses. "As suspeitas sobre a liquidez do banco já pairavam pelo mercado, os principais gestores já estavam atentos ao problema", disse um executivo do setor.