Título: Varig conclui venda de subsidiárias
Autor: Janaina Vilella, Cláudia Schüffner e Catherine Vie
Fonte: Valor Econômico, 12/01/2006, Brasil, p. A5

A Varig anunciou ontem que conseguiu alcançar o montante total de US$ 56 milhões para quitar suas dívidas com empresas de leasing, que vencem hoje, e também informou ter acertado a venda de suas subsidiárias VarigLog (transporte de cargas e logística), para o fundo americano Matlin Patterson; e VEM (manutenção), para a TAP por US$ 72,2 milhões. A aérea surpreendeu o mercado, ao anunciar o acordo com o Matlin Patterson para efetuar a operação de troca de recebíveis que vai garantir os montantes que faltavam para fazer o pagamento das empresas de leasing e assim evitar o arresto dos aviões. A notícia pegou de surpresa a TAP, que até ontem à noite vinha conduzindo essa negociação para antecipar os recebíveis. A dívida de US$ 56 milhões vence hoje e segundo fontes próximas da negociação até ontem ainda faltavam pelo menos US$ 27 milhões para fechar a conta. A VarigLog foi vendida para o Matlin Patterson por cerca de US$ 50 milhões, segundo apurou o Valor; e a VEM ficou com a Aero-LB, que tem como sócios a estatal portuguesa TAP e os brasileiros Álvaro Gonçalves e Alberto Camões. O montante arrecadado pela Varig com a venda das duas empresas supera em 10% o valor inicialmente pago pela Aero-LB pelas duas subsidiárias. "Concluir todas as negociações que envolvem a recuperação da Varig, manter e ampliar a internacionalmente reconhecida qualidade das nossa operações é o rumo que todos nós da companhia estamos seguindo", disse o presidente da Varig, Marcelo Bottini, em nota divulgada ontem. Segundo uma fonte que acompanhou a operação, durante o dia de ontem, a Varig trabalhou no sentido de se aproximar mais do fundo Matlin Patterson. Com o prazo vencendo, a empresa queria contar com um "plano B", caso as negociações com a TAP e o banco JP Morgan não vingassem a tempo. Segundo essa fonte, a negociação com o fundo americano intensificou-se mais rapidamente. "A Varig decidiu se aproximar mais do Matlin Patterson porque o fundo vem demonstrando um interesse grande de investir na compra da empresa toda", disse o interlocutor. O presidente da Varig já tinha informado que o caixa da companhia contava com US$ 29 milhões reservados para o pagamento da dívida que vence hoje. Mas a companhia aérea ainda aguarda a devolução de US$ 30 milhões que foram pagos antecipadamente à Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata, na sigla em inglês). A entidade funciona como uma espécie de câmara de compensação internacional. E garante o pagamento pelo transporte de passageiros em aviões de outras companhias de aviação caso a Varig venha a ter qualquer problema em seus vôos internacionais. Uma fonte que acompanhou de perto a recuperação judicial da Varig viu com cautela a notícia da venda das subsidiárias para dois compradores distintos. "Começou o fatiamento. Da forma como foi feita a operação, pode ficar difícil atrair dinheiro novo para a Varig, já que tanto a TAP quanto o Matlin só investiriam na Varig mãe se tivessem o controle de todas empresas", avalia essa fonte. No entanto, especula-se nos bastidores da negociação, que a VEM possa acabar sendo repassada pela TAP para o fundo americano. A venda das subsidiárias ainda precisa ser ratificada pelo Colégio Deliberante da Fundação Ruben Berta (FRB).