Título: Delcídio e Izar prometem agilidade
Autor: Thiago Vitale Jayme
Fonte: Valor Econômico, 12/01/2006, Política, p. A8

O Conselho de Ética e a CPI dos Correios já escolheram a estratégia para tentar dificultar a realização de acordões para salvar o mandato dos deputados acusados de envolvimento com o mensalão. Na tarde de ontem, os presidentes da comissão, senador Delcídio Amaral (PT-MS), e do conselho, deputado Ricardo Izar (PTB-SP), se reuniram e acertaram a adoção de maior agilidade nas comunicações entre os dois colegiados. Com a velocidade, tentarão impedir a articulação dos acusados com as bancadas. Na avaliação de Izar e Delcídio, grande parte do sucesso da articulação de Romeu Queiroz (PTB-MG), absolvido pelo plenário em dezembro, deveu-se à demora entre a cassação no Conselho de Ética e a ida do caso para análise no plenário. Foram aproximadamente 40 dias entre as duas votações. "Até amanhã, todos os documentos que os relatores pediram à CPI estarão aqui no conselho", disse Izar. Delcídio justificou a demora na remessa dos papéis na necessidade de ser elaborado um parecer jurídico: "Algumas remessas implicavam em compartilhamento de quebras de sigilo. Precisávamos saber se não havia problema repassar os documentos ao conselho". Delcídio e Izar determinaram que os dois órgãos trabalharão em conjunto. "Vamos trocar mais informações referentes à análise dos documentos", afirmou o presidente do conselho. Os dois prometeram denunciar qualquer acordo para salvar deputados. "Se houver algum acordão, vamos denunciar juntos à sociedade", disse Izar. Delcídio seguiu na mesma linha. "Temos de ficar atentos a isso. Se existir um acordão, nós não vamos conseguir andar na rua", concluiu o senador. Os dois parlamentares definiram também a intenção de conversar com as bancadas antes de cada votação no plenário. "É uma atitude procedente explicarmos aos deputados sobre cada caso. Dar uma versão compatível com a realidade", afirmou Delcídio. O Conselho de Ética se prepara para iniciar a votação dos processos. Hoje, os relatórios dos casos de Wanderval Santos (PL-SP) e Professor Luizinho (PT-SP) serão lidos. E tem se iniciado uma disputa entre os acusados para ver quem fica por último na fila das votações. Ontem, o deputado Mário Negromonte (PP-BA), testemunha do processo contra Pedro Corrêa (PP-PE), desistiu de depor minutos antes da sessão. Com isso, denunciou o PFL, Corrêa pretenderia deixar que o processo de Roberto Brant (PFL-MG) entre na frente e seja votado primeiro no plenário. Os acusados acreditam que, com o desgaste referente à absolvição de Queiroz, o próximo a ser julgado pelo plenário será cassado. Negromonte negou qualquer manobra e só pediu "para que a ordem dos processos definida anteriormente seja seguida". Na opinião dele, Brant viria primeiro e Corrêa só entraria depois de Luizinho e Wanderval.