Título: Aérea negocia com BR novo contrato para combustível
Autor: Tatiana Bautzer
Fonte: Valor Econômico, 12/01/2006, Empresas &, p. B2
A Varig começou a negociar com a BR Distribuidora, subsidiária da Petrobras, um novo contrato de fornecimento de combustível para aeronaves. O contrato anterior, com validade de cinco anos e que garantia à Varig um financiamento suficiente para o suprimento de combustíveis por dez dias, que historicamente variou de R$ 38 milhões a R$ 40 milhões, venceu no dia 31 de dezembro. Esse contrato funcionava como um crédito rotativo para a Varig, que dava como garantias à BR Distribuidora recebíveis de cartões de crédito. Como o contrato expirou, a companhia passou a pagar à vista. Já sem a cobertura do contrato com a BR, a Varig negociou com a estatal a quitação do fornecimento dos últimos dez dias de dezembro, que seria realizada por meio da execução das garantias em poder da BR em duas etapas. Em 4 de janeiro, a BR executou as garantias sobre R$ 13 milhões e no dia 14, sábado, vai executar mais R$ 25 milhões. "Uma vez acertada a quitação desses valores remanescentes (do contrato que expirou), a BR liberou os recebíveis. Agora a Varig poderá utilizá-los para fazer caixa e honrar seus compromissos", explicou o presidente da BR, Rodolfo Landim, acrescentando que espera assinar um novo contrato com a companhia aérea em breve. Na terça-feira, Landim e o presidente da Varig, Marcelo Bottini, se encontraram na sede da BR, no Rio, para discutir o assunto. A liberação dos recebíveis tomou a maior parte da conversa. Bottini também apresentou os planos operacionais da companhia para o curto e médio prazos. "Foi uma conversa muito boa" resumiu Landim. Tendo recuperado os recebíveis, a Varig ganhou fôlego para honrar compromissos em Nova York tentando evitar o arresto dos aviões. A falta de crédito para garantir o fornecimento de combustíveis para suas aeronaves sem comprometer o caixa sempre foi um problema para a companhia. Em 2003, a empresa inadimplente com a BR, que suspendeu o fornecimento, deixando os aviões da Varig sem poder decolar. Até então, a empresa vinha honrando as prestações mensais de aproximadamente R$ 3 milhões relativas à dívidas passadas. Nessa época já vigorava o contrato de financiamento encerrado em dezembro. Quando a Varig entrou em recuperação judicial, em junho, ainda devia R$ 56 milhões à BR Distribuidora, referentes a 11 prestações. Esse dinheiro agora só poderá ser recuperado pela distribuidora por meio do programa de recuperação da Varig, que prevê a possibilidade de conversão desse e de outros créditos a receber em cotas de um Fundo de Investimentos em Participações (FIP).