Título: Estatal amplia presença na Argentina
Autor: José Rodrigues
Fonte: Valor Econômico, 12/01/2006, Empresas &, p. B5

A Petrobras assinou ontem acordo para constituição de um consórcio para explorar, desenvolver, produzir e comercializar petróleo em dois blocos no mar argentino, próximo a Mar del Plata. A brasileira terá participação de 25% no consórcio, que também será integrado pela estatal Empresa Nacional de Energia S.A (Enarsa), que terá 35%, mesma participação da YPF (controlada pela Repsol), tendo ainda como sócia minoritária a PetroUruguai, com 5%. O gerente executivo dos negócios da Petrobras para o Cone Sul, Décio Oddone, explicou que ainda não existe previsão sobre os investimentos nas duas áreas, que ficam a uma profundidade média de 1.000 metros abaixo do mar. Esse foi o primeiro resultado do acordo de cooperação assinado pelas estatais em outubro. Pelo contrato, a Enarsa não assume qualquer risco, já que a Petrobras, YPF e a PetroUruguai vão arcar com todo o investimento na fase de exploração, financiando a estatal argentina. Caso não tenham sucesso na fase exploratória, o financiamento para a Enarsa será considerado como "fundo perdido", o que significa que ela não terá dívidas com os sócios. No caso de alguma descoberta de petróleo, a Enarsa pagará aos sócios o investimento feito na fase anterior. Segundo Oddone, esse modelo foi utilizado pela Petrobras em outros países, incluindo a Bolívia, e também segue os parâmetros adotados pelo governo brasileiro na época dos contratos de risco de exploração de petróleo, assinados na década de 70. A Enarsa foi criada no governo Kirchner, que reservou para a nova estatal os direitos de exploração de hidrocarbonetos no mar, área não incluída na concessão da Repsol quando adquiriu a YPF. A Petrobras também informou ontem que recebeu a aprovação do governo da Guiné Equatorial, país localizado na África Ocidental, para adquirir 50% do contrato de partilha de produção em um bloco naquele país localizado em águas profundas da Bacia do Rio Muni. Os outros sócios são Chevron (22,5%); Amerada Hess (12,5%); Energy Africa Equatorial Guinea Limited (10%); e Sasol Petroleum International Limited (5%). Segundo a Petrobras, o bloco fica em uma área de 4.250 quilômetros quadrados, que tem profundidade variando entre 500 metros e 2.200 metros. Como destacou em nota, a entrada na Guiné Equatorial eleva para cinco o número de países africanos onde a companhia tem presença, já que ela opera em Angola, na Nigéria, Tanzânia e Líbia.