Título: Prêmio Sesi vira referencial na gestão das indústrias
Autor: Leila Gouvêa,
Fonte: Valor Econômico, 17/11/2004, Qualidade no Trabalho, p. F2

Responsabilidade social Competitividade depende dos empregados

Criado em 1996 e neste ano em sua nona edição, o Prêmio Sesi de Qualidade no Trabalho (PSQT) vai se tornando um referencial na gestão da responsabilidade social corporativa entre as empresas industriais, desde as micro até as de grande porte. A avaliação é da coordenadora geral do prêmio, Nardeci Castro. Citando pesquisa sobre o PSQT, ela lembra que parte considerável do diferencial competitivo de uma companhia depende da qualidade de vida de seus colaboradores e de seu entorno, bem como das condições internas de trabalho. A Tecumseh do Brasil - que acumula vários PSQTs e neste ano ficou com o da categoria grande empresa na região Sudeste - encara qualidade de vida e de trabalho como uma das metas diárias. Com dezenas de projetos em seu porfólio, a indústria também valoriza o reconhecimento público propiciado pelo prêmio, concedido por "uma instituição forte e séria como o Sesi", diz o presidente, Gerson Veríssimo. "O reflexo da premiação no contexto da qualidade do trabalho está na responsabilidade social da empresa e no seu relacionamento com funcionários, clientes, fornecedores e demais parceiros", afirma.

Outro diferencial do prêmio, que será entregue hoje, em Brasília, segundo a coordenadora geral Nardeci Castro, é o feedback proporcionado pela soma dos "quatro olhares" lançados no decorrer dos procedimentos do PSQT às práticas de uma indústria - os do empresário, dos trabalhadores, dos técnicos do Sesi e das comissões julgadoras. "Isto equivale a um diagnóstico de profundidade do clima organizacional da companhia, do chão de fábrica à presidência, com a identificação precisa dos pontos que ainda demandam aperfeiçoamento e melhorias". O destaque das melhores práticas, desenvolvidas por "empresas cidadãs que têm uma gestão diferenciada", acaba se constituindo num parâmetro, cujo potencial enquanto efeito multiplicador mostra-se evidente. E aí está um dos principais objetivos da premiação - o de despertar um número cada vez maior de empregadores e de empregados "para o exercício da ética e da transparência nas relações de trabalho", conforme enuncia o próprio regulamento de 2004 do PSQT, lembra Nardeci Castro. Pesquisa sobre o PSQT indica que, entre os principais benefícios para a empresa concorrente estão: estímulo à adoção de medidas com o intuito de melhorar as condições e o ambiente de trabalho; diagnóstico da indústria em áreas como a escolaridade e da saúde dos empregados, entre outras; conhecimento do nível de satisfação dos funcionários em relação às políticas e práticas de gestão, saúde, oportunidades de elevação da escolaridade, lazer e cultura. Do lado dos empregados, os benefícios potenciais identificados pelo diagnóstico do PSQT são: melhoria da qualidade de vida; aumento do desempenho e de produtividade no trabalho; transparência na manifestação sobre seu grau de satisfação com as condições de trabalho e o ambiente; favorecimento da melhoria das relações interpessoais e do comprometimento com os objetivos e as metas da empresa. O sociólogo Elizeu Calsing, coordenador de Pesquisa e Avaliação do Departamento Nacional do Sesi, insiste que a qualidade de vida dentro de uma empresa, enquanto estratégia corporativa de responsabilidade social, "não pode ser computada como custo nem despesa, mas sim como investimento social privado, um conceito relativamente novo e moderno". Segundo ele, a elevação da qualidade do ambiente e das condições de trabalho acaba se traduzindo em retorno para os negócios, seja na forma de maior motivação, elevação da produtividade - em torno de 15% a 20%, estima com base em dados preliminares -, redução do absenteísmo ou de doenças relacionadas às tarefas profissionais. "Práticas simples, como a da ginástica laboral ministrada uma ou duas vezes a cada jornada, em sessões de oito a doze minutos, muitas vezes têm um resultado expressivo no ambiente e na disposição geral". De acordo com Hermine Schreiner, diretora de RH da paranaense Pormade - agora novamente premiada na categoria média indústria da região Sul -, as sucessivas premiações estimularam ainda mais os seus programas de "melhoria contínua" e referendaram práticas de gestão que vão ao encontro das expectativas de seus profissionais, seus familiares e, em alguns casos, da própria comunidade. "O sucesso repousa também em nossa equipe capacitada e coesa", complementa Schreiner.