Título: Lula, o senhor de Dilma
Autor: Pariz, Tiago
Fonte: Correio Braziliense, 08/05/2010, Política, p. 2

Durante evento em Pernambuco, presidente afirma que a popularidade de sua ¿pupila¿ vai subir quando ele pedir aos eleitores

Acompanhado de ministros e de assessores, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva aproveitou um evento em Ipojuca (PE) para dar visibilidade à pré-candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff. Durante a cerimônia de lançamento do primeiro navio do Programa de Modernização e Expansão da Frota da Transpetro, o presidente falou sobre as condições econômicas do país e pediu ¿auxílio¿ a Dilma(1). Queria que ela o ajudasse a mostrar como o setor estava falido, sem uma ¿laminadora¿ nacional até então, e como as coisas mudaram recentemente.

Na fala, Lula não mencionou as eleições. Dirigindo-se a Dilma, falou sobre as tarefas das donas de casa e contou que, na véspera, quando esteve no Pará, ouviu um depoimento emocionado de uma mulher que acabara de receber o primeiro salário. ¿O que fizemos no Brasil não pode mudar. Nós sabemos que para fazer é difícil, mas para derrubar é fácil. Vocês viram o que aconteceu com a Grécia.¿

Questionado sobre a popularidade da ex-ministra, Lula afirmou, em tom de brincadeira, que a aprovação da sua escolhida subirá quando ele pedir. ¿Eu não pedi ainda¿, enfatizou. O presidente reafirmou que irá aproveitar os dias de folga para dar suporte a Dilma. ¿Vou fazer um esforço no fim de semana. A partir do momento em que forem formalizadas as candidaturas, me segurem, porque eu vou estar em campanha¿, antecipou.

Na sequência, o presidente fez uma reverência às mulheres soldadoras na plateia e enfatizou que, em seus tempos de metalúrgico, uma cena como aquela seria impensável. ¿Não há diferença na capacidade de trabalho da mulher e do homem. O que precisa é dar oportunidade¿, disse.

Sexo No mesmo tom do ministro da Saúde, José Gomes Temporão, o presidente ainda reforçou a recomendação para que as pessoas façam sexo na tentativa de combater a hipertensão. ¿O meu ministro da Saúde falou que pra cuidar da pressão tem que fazer sexo. Não fique se lamentando, vá à luta meu companheiro¿, disse, brincando com um prefeito que reclamava da saúde no palanque.

1 - Sequência natural Quando teve oportunidade de falar com os jornalistas, Dilma Rousseff não perdeu tempo. Rapidamente, fez questão de conectar, como vem fazendo por onde passa, o significado de sua campanha ao de uma sequência do governo Lula. ¿O meu projeto é o do presidente Lula, que ajudei a construir quando ministra. É de continuidade? É. Mas, sobretudo, uma continuidade que constrói um caminho pelo qual se pode avançar¿, comentou a ex-ministra da Casa Civil do presidente.

José Serra ironizado

Ao chegar ao estaleiro Atlântico Sul, no Porto de Suape, em Ipojuca, Dilma Rousseff comentou com ironia a proposta do pré-candidato tucano, José Serra, feita durante um debate realizado em Minas Gerais. Vestindo calça jeans e blusa branca, Dilma disse achar estranha a proposta. Serra sugeriu que se ganhasse a eleição gostaria de governar com o PT e com o PV. ¿Acho que temos projetos distintos. Eles foram contra o presidente Lula durante tanto tempo, fizeram oposição tão raivosa e agora que temos 75% de aprovação para o governo e mais de 90% para o presidente Lula querem unidade. Isso soa um pouco estranho¿, comentou.

¿O Serra está governando São Paulo há tempos e não tem ninguém do PT lá. Acho que tenho mais pessoas dele na máquina federal¿, comparou o presidente. ¿Mas, como acho que ele não vai ganhar a eleição, quem sabe ele possa ser convidado para trabalhar no governo da Dilma.¿ Dilma também comentou sobre os deslizes apontados em sua pré-campanha. ¿Parece que a única pessoa que tem deslizes sou eu. Todo o resto é absolutamente impecável e perfeito. Acho que todas as pessoas sem exceção erram e acertam. A minha pré-campanha está sendo uma experiência única, principalmente pelo contato com a população. É ali que vou aprender¿, finaliza. Lula também comentou a declaração.

O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Pernambuco, Alberto Alves dos Santos, ajudou a dar o tom de campanha ao evento com uma frase típica de disputa eleitoral para encerrar o discurso. ¿Bom Dilma para todos¿, afirmou. Antes, tinha dito que ¿se dependesse do povo trabalhador, o mandato de Lula seria igual ao de Fidel Castro¿, ou seja, eterno.

Casas Em outro evento em Pernambuco, o presidente Lula entregou mais de 600 casas populares construídas com verbas do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC). Durante o discurso, anunciou que o governo espera fechar, até o fim do ano, um milhão de contratos através do programa Minha Casa, Minha Vida e mais dois milhões para os próximos quatro anos. Lula ressaltou em vários momentos a participação da ex-ministra e pré-candidata Dilma no processo de negociação do projeto.

A partir do momento em que forem formalizadas as candidaturas, me segurem, porque eu vou estar em campanha¿

Luiz Inácio Lula da Silva, presidente da República