Título: Petrobras garante 40% do insumo leiloado na sexta
Autor: Chico Santos
Fonte: Valor Econômico, 20/12/2005, Empresas &, p. B8

A Petrobras sozinha respondeu por 39,5% da energia comercializada no leilão promovido na sexta-feira pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Segundo o diretor da área da Gás da estatal, Ildo Sauer, a empresa vendeu 1,3 mil megawatts médios de um total de 3.286 MW comercializados no leilão para fornecimento a partir de 2008, 2009 e 2010. Pelos cálculos do economista Adriano Pires, do Centro Brasileiro de Infra Estrutura, Petrobras e Eletrobrás foram responsáveis por 65% da energia comprada pelo governo. O diretor de Gás e Energia da Petrobras, Ildo Sauer, disse que a partir de 2010, quando chegar ao pico de fornecimento da energia contratada, os negócios fechados agora irão gerar uma receita anual para a empresa de R$ 700 milhões, o que dá mais fôlego ao segmento. De acordo com o dirigente, graças aos esforços que estão sendo feitos para colocar no mercado a energia das térmicas, o prejuízo da Petrobras com as usinas que adquiriu ou construiu a partir de 2001, durante a crise de abastecimento, que no final de 2002 era estimado em US$ 1,8 bilhão, será reduzido a menos de US$ 600 milhões. Esse número, segundo Sauer, depende de como vai terminar a disputa judicial com a americana El Paso em torno da usina Macaé Merchant, no Rio de Janeiro. No leilão, a Petrobras vendeu energia das térmicas de Cubatão (SP); Barbosa Lima Sobrinho, antiga Eletrobolt (RJ); Termoceará (CE); Termorio (RJ); e Três Lagoas (MG). Sauer disse que do total programado pela Petrobras programou para o leilão, só não foi possível comercializar a energia da usina de Piratininga (SP), uma associação com a Empresa Municipal de Água e Esgoto (Emae) que, segundo ele, precisa resolver "problemas societários". Sauer disse que as usinas da Petrobras têm flexibilidade para usar gás natural ou óleo combustível, mas afirmou que não faltará gás para gerar a energia contratadas pelas térmicas. O executivo voltou a criticar o projeto para a nova Lei do Gás e a atual regulamentação do acesso aos gasodutos, elaborada pela Agência Nacional do Petróleo (ANP). Segundo ele, a legislação atual e a proposta são liberais mas não estimulam o investimento. O principal alvo do diretor da Petrobras é uma das portarias que estabeleceu em apenas seis anos o período para uso exclusivo de gasodutos por seus proprietários. A Petrobras quer pelo menos 15 anos. Sauer disse que a estatal elaborou uma proposta alternativa para a legislação do gás. (Colaborou Cláudia Schüffner)