Título: CNI prevê investimento 6,5% maior em 2006
Autor: Daniel Rittner
Fonte: Valor Econômico, 21/12/2005, Brasil, p. A4

A perspectiva de redução dos juros e a previsão de crescimento da economia mundial são as bases para que os analistas da Confederação Nacional da Indústria (CNI) projetem um cenário mais positivo para a economia em 2006. Eles acreditam que a taxa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do país para o ano que vem será de 3,3%, contra os 2,5% deste ano. Esse processo seria liderado pela indústria, setor cujo produto deverá aumentar 4,2% sobre 2005. O consumo privado poderá ser 3,2% maior que o deste ano e o investimento também vai crescer 6,5%, o que deve ser a base para o crescimento "moderado" do PIB. A equipe de economistas liderada por Flávio Castelo Branco também acredita que 2006 terá melhores números para desemprego, inflação, câmbio e dívida pública. O saldo comercial será, segundo os cálculos da CNI, ligeiramente menor que o de 2005. Se para este ano espera-se US$ 44,3 bilhões, 2006 deve ter US$ 43,5 bilhões. Mas as exportações (US$ 130 bilhões) e as importações (US$ 86,5 bilhões) devem ser mais robustas que as deste ano, ficando em US$ 118,3 bilhões e US$ 74 bilhões, respectivamente. Para Castelo Branco, a receita para o crescimento sustentado que o governo deve seguir é: controlar a dívida, gastar melhor e reduzir a carga tributária. O economista alerta para o fato de que um terço de todas as riquezas produzidas no Brasil vai para o gasto público. Somando-se os juros, a fatia sobe para 40% do PIB. "Sem metas de longo prazo para todas as áreas de governo, inclusive as sociais, o esforço fiscal só produz ansiedade e incerteza. Afinal, os brasileiros precisam saber para onde está sendo canalizado todo esse sacrifício", adverte o economista, referindo-se ao superávit primário, estimado em 4,8% do PIB em 2005. Para 2006, a CNI projeta a meta de 4,25% O presidente da CNI, deputado Armando Monteiro Neto (PTB-PE), não poupa críticas ao governo, especialmente contra o que chama de "erro de calibragem" na política monetária que foi "mal manejada". Ele também pede melhor coordenação. "O Brasil tinha dotação de recursos para recuperar a malha viária neste ano, mas não conseguimos executar esse orçamento por problemas típicos de gestão. Portanto, há áreas na administração pública que precisam ser radicalmente reestruturadas e profissionalizadas", diz. (AG)