Título: Forman deixa cargo na ANP e agência fica com apenas três diretores
Autor: Cláudia Schüffner
Fonte: Valor Econômico, 13/01/2006, Brasil, p. A4

O geólogo John Forman deixa hoje a diretoria da Agência Nacional do Petróleo (ANP), após cumprir mandato de quatro anos. Em entrevista ao Valor, Forman contou que foi convidado pelo governo a permanecer no cargo por mais um mandato de quatro anos, mas recusou. "Oito anos é tempo demais e a gente acaba se repetindo", disse. Em balanço sobre as mudanças no setor de petróleo, no Brasil, de 2002 a 2005, período em que esteve na agência, Forman avaliou que houve vários avanços, entre eles a mudança nas licitações da ANP, que deixou de adotar o sistema de venda de blocos gigantes e adotou o modelo de setores, o que permitiu que as próprias companhias possam "desenhar" a área onde tenham interesse em explorar. O novo formato das áreas licitadas e a diferenciação das exigências para operadores no mar, águas profundas e em terra permitiram o surgimento das pequenas empresas de petróleo de capital nacional. O diretor ressalta ainda o aumento das reservas de petróleo e gás do país nos últimos quatro anos e o incremento do potencial de descobertas. As reservas de óleo somavam 12,99 bilhões de barris em dezembro de 2001 e aumentaram para 14,768 bilhões de barris em 2004. As reservas de gás natural cresceram no período de 335,2 milhões de metros cúbicos para 498 milhões de metros cúbicos. Forman lembra que havia certo pessimismo por parte das empresas estrangeiras quando assumiu a diretoria, já que tinham poucas expectativas quanto a futuras descobertas. "Achavam que os campos que seriam descobertos teriam menor porte, com óleo pesado e sem grande potencial. Mas isso se mostrou uma inverdade. Eles estavam aplicando modelos geológicos da Bacia de Campos em outras áreas, que depois mostraram ter campos gigantes, e até óleo leve e gás." Forman cita como exemplo as descobertas de hidrocarbonetos em áreas consideradas de "fronteira" até o início da década, como as bacias de Santos e Espírito Santo, onde foram encontrados os campos gigantes de Mexilhão (no antigo bloco BS-400) e seu vizinho BS-500, ambos com reservas gigantes, além do chamado Parque das Baleias, no litoral capixaba, onde a Petrobras descobriu seis novos campos: Jubarte, Cachalote, Baleia Franca, Baleia Azul, Baleia Anã e Baleia Bicuda. Isso sem contar a descoberta do Papa-Terra e outro campo embaixo de Marlim Leste. "Até agora, o resultado desse crescimento acentuado de reservas ainda pode ser atribuído somente à Petrobras, já que todos são blocos que ela reteve na chamada rodada zero", diz Forman. Na visão dele, a Petrobras se tornou mais forte e competitiva no período em que esteve na ANP, sem que isso tenha reduzido as chances das estrangeiras, como a Repsol e a BG. Com a saída de John Forman, a ANP fica com apenas três diretores, já que permanece vago o lugar de Haroldo Lima, que deixou de ocupar interinamente o cargo de diretor-geral, o que vinha fazendo até outubro do ano passado, desde a a saída do embaixador Sebastião do Rêgo Barros, em janeiro de 2005. Outra agência reguladora com quórum mínimo é a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que também voltou a ter três diretores com a saída de Jaconiar de Aguiar, em dezembro, e Isaac Averbuch, cujo mandato terminou no dia 10.