Título: Empresas não agem contra aids
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Fonte: Valor Econômico, 13/01/2006, Internacional, p. A7

A maioria das empresas do planeta não está fazendo o suficiente para ajudar na luta contra a aids. Esta é uma das conclusões de uma pesquisa desenvolvida pela Iniciativa Global de Saúde, do Fórum Econômico Mundial, divulgada ontem em Genebra. "Com algumas exceções, o setor privado ainda tem que adotar um papel de liderança amplo na resposta ao HIV/aids. Embora algumas empresas ofereçam exemplos de boas práticas, muitas carecem do conhecimento, da vontade e das capacidades para responder eficazmente à epidemia", conclui o relatório. De acordo com a pesquisa, o número de empresas em todo o planeta que providenciaram ações contra a Aids é bem pequeno: apenas 6% redigiram políticas específicas relacionadas à doença, enquanto que 14% adotaram programas informais, como distribuição eventual de folhetos. Para o estudo, foram ouvidas 212 empresas brasileiras. Destas, 15% informaram ter redigido políticas e 29% disseram ter adotado políticas informais. Das firmas que formalizaram políticas em relação à Aids, apenas 18% fizeram menções contra a discriminação de funcionários infectados quanto a promoção, salário e concessão de benefícios. "A maioria das empresas que responderam ao questionário ignorou a discriminação relacionada ao HIV em suas políticas. Ao invés de ajudar a quebrar as barreiras impostas pelo estigma, elas podem estar sustentando ou até mesmo exacerbando o problema", afirma o relatório. O foco das políticas concentra-se na prevenção ao HIV. A maioria das empresas (53%) prioriza a divulgação de informações sobre os riscos da infecção com o vírus. Cerca de um terço vai além, oferecendo preservativos aos funcionários e a realização de testes voluntários para detecção do vírus. Quase a metade dos líderes empresariais pesquisados, 46%, espera que a doença gere algum impacto nas operações de suas companhias nos próximos cinco anos. Trata-se de um aumento de 9% em relação à pesquisa feita em 2004. Entre as firmas mais preocupadas com o vírus, destacam-se as da África subsaariana: o índice das que esperam algum impacto causado pela doença nos próximos cinco anos é de 87%. Para produzir o relatório - intitulado "As Empresas e o HIV/Aids: Uma Parceria Mais Saudável?" e que também contou com a participação da Fundação para Pesquisas Contra a AIDS (amfAR), da Escola de Saúde Pública de Harvard e do Unaids (programa da ONU para a Aids) -, os pesquisadores entrevistaram quase 11 mil líderes corporativos, em 117 países. Calcula-se que 4,9 milhões de pessoas foram infectadas com o HIV em 2005, levando o total de soropositivos em todo o mundo para 40,3 milhões. As mortes decorrentes da Aids no ano passado são estimadas em 3,1 milhões.