Título: Acordo reforça o caixa e valoriza ações da aérea
Autor: Tatiana Bautzer
Fonte: Valor Econômico, 13/01/2006, Empresas &, p. B3

O fundo americano Matlin Patterson pagará US$ 48,2 milhões pela VarigLog (transporte de cargas e logística), subsidiária da Varig, informou ontem a aérea em comunicado enviado à Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). O valor desembolsado foi 14% inferior a oferta inicial do Matlin, de US$ 55 milhões. Essa proposta teria vencido na última quinta-feira, segundo uma fonte do fundo. O Matlin chegou a informar para o Valor que estava retirando a oferta por falta de resposta da Varig no prazo previsto. Nessas condições, Varig e Matlin teriam de entrar em acordo para negociar uma nova oferta, o que acabou acontecendo. O acordo para venda das subsidiárias contribuiu para a alta das ações da Varig na Bovespa. Ontem, a ação PN chegou a R$ 1,54, com alta de 6,2% no dia (10% no mês). Do total pago, US$ 45,6 milhões irão para o caixa da estatal portuguesa TAP, que constituiu no Brasil a empresa Aero-LB e detinha a titularidade das ações da subsidiária - US$ 38 milhões referentes ao preço inicialmente pago pela TAP, além de multa de US$ 7,6 milhões. Os US$ 2,6 milhões restantes deverão ficar com a Varig como complemento do preço original. Em nota, a companhia informou que o "valor só será pago após as aprovações societárias, judiciais e do Departamento de Aviação Civil (DAC), que deverão ocorrer até o dia 31". O Matlin abriu uma empresa no Brasil para atender a legislação brasileira impede que empresas estrangeiras detenham mais de 20% do capital de companhias aéreas. Trata-se da Volo, que tem com sócios, além o fundo, os brasileiros Marco Antonio Audi, Marcos Haftel e Luiz Eduardo Gallo. No mesmo dia em que anunciou a compra da VarigLog, o Matlin também fechou um acordo com o banco JP Morgan para efetuar a operação de troca de recebíveis no valor de US$ 20 milhões. O negócio acabou por garantir os montantes que faltavam para a companhia aérea pagar as empresas de leasing, nos Estados Unidos, e assim evitar o arresto dos aviões. Tanto interlocutores ligados ao Matlin quanto à TAP disseram ontem que não há nenhum plano de mudar a divisão anunciada na quarta-feira, e portanto a VEM e a VarigLog devem mesmo ficar em mãos de diferentes controladores. Uma fonte próxima do fundo americano informou que, apesar disso, o Matlin pode vir a ter interesse na empresa principal, a própria Varig. Isso só ocorreria se o fundo puder exercer efetivamente a posição de controlador da companhia por um valor que seja atrativo e compensador para os americanos. "Isso já é um próximo passo, o importante agora é que a compra da VarigLog foi finalmente acertada, pois esse é um ativo muito interessante para o Matlin Patterson", disse um representante do fundo. Em Lisboa, o presidente da TAP, Fernando Pinto, ex-presidente da Varig, disse que a aquisição da VEM é estratégica para a TAP e vai permitir a expansão da área de manutenção com um elevado potencial na América do Sul. Ele adiantou que já na próxima semana enviará uma equipe técnica de sua empresa para o Rio de Janeiro para "iniciar um processo de integração com o objetivo de potencializar as capacidades e a experiência das duas companhias". Pinto afirmou também que Jorge Sobral, administrador da TAP, vai presidir o conselho de administração da VEM, adiantando que a aérea estatal portuguesa e seus parceiros financeiros continuarão a "acompanhar com muita atenção o processo de reestruturação do grupo Varig". "Sendo a VEM o maior centro de manutenção de aeronaves da América do Sul, a TAP dá, assim, um passo estratégico para o desenvolvimento de uma das áreas de maior excelência da companhia, que pode, desse modo, expandir-se para um mercado de elevadíssimo potencial", disse Fernando Pinto, acrescentando que a desistência em comprar a VarigLog acabou por ser favorável porque permitiu à TAP um encaixe extra com a operação, sem impedir a aquisição da VEM. Como parte da estratégia para enfrentar a concorrência e já de olho na Copa do Mundo, a Varig anunciou ontem a inauguração de uma rota para Munique, na Alemanha, e a ampliação de vôos semanais para Nova York e Miami, nos Estados Unidos. Desde 15 de dezembro a companhia passou a operar quatro vôos diurnos para Nova York e seis para Miami. O vôo para Munique, que estréia neste domingo, terá uma tarifa promocional de US$ 760 para viagens de ida e volta, a partir de Rio e de São Paulo. A promoção terá validade até 30 de março de 2006. O vôo para a cidade alemã terá três freqüências semanais, às quintas, sextas e domingos. A saída de São Paulo (aeroporto de Guarulhos) será às 22h25 com chegada prevista em Munique às 13 horas. Com o novo destino a Varig passa a voar para 24 cidades, em 20 países de todos os continentes