Título: Estimativas do USDA pressionam cotações da soja
Autor: Alda do Amaral Rocha
Fonte: Valor Econômico, 13/01/2006, Agronegócios, p. B12

O relatório mensal de oferta e demanda de grãos do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) reviu para baixo a projeção de exportações de soja dos Estados Unidos e elevou as previsões de produção e estoques finais do país e do mundo, reforçando a pressão baixista sobre a commodity na bolsa de Chicago, que na última semana acumulou queda de 11%. Ontem (dia 12), o contrato para entrega em março recuou 12,50 centavos de dólar e fechou a US$ 5,72 por bushel. Segundo analistas ouvidos pelo Valor, os números de exportação dos EUA ficaram abaixo do esperado - já considerando a demanda menor na Europa e China devido à gripe aviária - , o que deve ajudar pressionar as cotações do grão nos próximos dias. "O relatório também confirma a safra recorde americana e a previsão de estoque recorde no país", afirmou Seneri Paludo, analista da Agência Rural. Segundo ele, se a projeção do USDA for confirmada, a relação estoque/consumo nos EUA ficará em 17,8%, igual ao recorde histórico da safra 1991/92. Flávia Moura, analista da Fimat Futures, disse que o próximo relatório já deve apresentar mudanças nas projeções de safra no Brasil e na Argentina, mantidas em 58,5 milhões e 40,5 milhões de toneladas, respectivamente. Antonio Sartori, da corretora Brasoja, salientou que os preços internacionais devem apresentar mais volatilidade, já sob influência dos efeitos das chuvas nas lavouras latino-americanas. "O foco daqui para frente passa a ser clima". O USDA também elevou as projeções para o milho. O estoque global passou de 126,63 milhões para 130,97 milhões de toneladas, e a produção global subiu 5,86 milhões de toneladas, para 683,51 milhões. A previsão de estoques finais passou de 118,73 milhões para 128,26 milhões de toneladas A safra americana foi elevada em 2,03 milhões de toneladas, para 282,26 milhões, e a safra argentina foi reduzida em 500 mil toneladas, para 16,8 milhões de toneladas - a associação de produtores da Argentina prevê 14 milhões. Paludo considerou exagerados os números para América do Sul, enquanto Flávia observou que as chuvas na região nos últimos dias aumentou as perspectivas de safra cheia. O relatório estimulou as vendas de contratos de milho por fundos em Chicago. O contrato para maio recuou 1,75 centavo de dólar, para US$ 2,2225 por bushel. O USDA ainda elevou a projeção de produção global de trigo em 900 mil toneladas, para 616,43 milhões, com aumento da safra na Europa. As exportações ficaram em 110,29 milhões de toneladas e os estoques finais subiram 1,35 milhão de toneladas, para 144,7 milhões. Uma fonte do setor considerou baixa a projeção para a safra argentina e estima colheita de 12,8 milhões de toneladas, ante 12,1 milhões previstas pelo USDA. As projeções para o algodão ficaram praticamente estáveis, enquanto a safra de citros da Flórida ficou abaixo das expectativas.