Título: Paranaenses tentam acordo em Brasília
Autor: Mauro Zanatta e Alda do Amaral Rocha
Fonte: Valor Econômico, 21/12/2005, Empresas &, p. B14

Ainda que o Ministério da Agricultura insista em afirmar que já chegou a um acordo com o governo do Paraná sobre o caso de aftosa no Estado, os paranaense afirmam que tal acordo poderá sair apenas na tarde de hoje, em Brasília, em reunião marcada para 16h30 no próprio ministério. O encontro foi agendado a pedido de deputados federais do Estado e deve contar com a presença do ministro Roberto Rodrigues e do secretário de Agricultura do Paraná, Orlando Pessuti. A suspeita de aftosa foi anunciada há dois meses e, de lá para cá, divergências ferrenhas entre as partes têm adiado uma solução. "Queremos que saia um documento do encontro", disse o deputado Cezar Silvestri (PPS-PR), relator da Proposta de Fiscalização e Controle (PFC), da Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados. Ele disse que estarão na reunião cinco deputados, para defender duas situações. A primeira é a agilização dos exames. Caso todos tenham resultado negativo para a doença, os deputados pedirão para o ministério voltar atrás na decisão de confirmar o foco no Paraná. A segunda: caso o ministério insista no sacrifício de animais no Estado, que isso seja feito o mais rapidamente possível, assim como o pagamento das indenizações, a contagem do prazo de seis meses e a liberação das áreas interditadas. Ontem, durante reunião com a equipe de governo, Pessuti acrescentou que o "o Paraná deverá ir à Justiça para que os prejuízos sofridos pelos paranaenses possam ser ressarcidos". À tarde, o secretário disse ao Valor que está indo a Brasília com o intuito de tentar convencer Rodrigues a revogar o ato em que confirmou a aftosa no estado. "Vou lá para defender isso. Se surgir outra proposta, teremos de analisar", disse. Também ontem o presidente da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep), Ágide Meneguette, voltou a criticar a atuação do governo no caso. "É de mais de R$ 4,7 milhões de reais o prejuízo diário dos produtores rurais paranaenses por causa da febre aftosa", disse, em nota. De acordo com ele, "pecuaristas, suinocultores, leiteiros, avicultores e indústrias perdem R$ 120 milhões por mês com as restrições sanitárias impostas ao Paraná". Meneguette calcula que o prejuízo total direto poderá chegar a R$ 3 bilhões..