Título: INSS mantém veto aos cartões para aposentados
Autor: Altamiro Silva Júnior
Fonte: Valor Econômico, 21/12/2005, Finanças, p. C3

Crédito Consignado Previdência teme aumento da inadimplência

Os aposentados e pensionistas do INSS vão continuar impedidos de adquirir cartões de crédito que oferecerem empréstimo com desconto em folha de pagamento. O Ministério da Previdência resolveu prorrogar até o dia 15 de fevereiro o prazo para avaliar o produto, segundo resolução publicada ontem no Diário Oficial da União. O temor do Conselho Nacional de Previdência Social, que pediu a suspensão do cartão ao Ministério, é que os aposentados se endividem demais, pagando taxas mais altas que no empréstimo consignado normal. Para o grupo de trabalho que avalia o cartão, "não há transparência quantos às taxas de juros e de administração cobradas", e o cartão é "incompatível com a modalidade de empréstimo consignado, tendo em vista ser um tipo de crédito rotativo". Para responder essas questões, o Banco Cruzeiro do Sul, que já emitiu 100 mil desses cartões em apenas 90 dias, encomendou uma pesquisa ao Ibope. A pesquisa ouviu, entre os dias 9 e 10, 584 usuários em todo o país. Entre as conclusões estão: 80% dos usuários responderam que as informações sobre o cartão (como juros e taxas) estavam "claras" no momento da aquisição do plástico; o fato de não precisar ter conta corrente é citado por 76% dos usuários como um dos fatores mais positivos do produto; outros 88% disseram estar "muito satisfeitos" e 85% dizem que vão ficar "muito prejudicados" se perderem o direito de usar o plástico. Pela resolução do Ministério da Previdência, os bancos não podem emitir novos cartões para os aposentados, mas os atuais portadores podem continuar usando os cartões. O cartão do Cruzeiro do Sul tem juros de 3,2% ao mês, a mesma taxa cobrada pelo consignado tradicional, informa Luis Octavio Índio da Costa, diretor executivo do banco. A anuidade é gratuita e não se cobram outras taxas de abertura de crédito. "Não ganhamos com as taxas, mas na escala", diz. A meta é chegar a 1 milhão destes cartões no fim de 2006, sempre com a bandeira Visa. O banco tem outros 80 mil plásticos emitidos nos convênios com funcionário públicos federais, estaduais e municipais. "Se o INSS resolver impedir de vez o uso dos cartões, vamos buscar outras frentes", diz. A carteira de crédito do banco cresceu 38%, para R$ 2 bilhões (dos quais 90% são crédito consignado). Um estudo do Dieese, que comparou o cartão do banco com outras modalidades de crédito, também conclui que o produto é vantajoso: uma compra de R$ 800 financiado em 30 meses teria parcelas de R$ 46,29 no consignado normal e de R$ 41,96 no cartão. No fim, o usuário do cartão teria uma economia de R$ 133,95. O Cruzeiro do Sul participou da última reunião do grupo de trabalho, que contou ainda com 12 representantes do INSS, Ministério da Fazenda e da Confederação Nacional das Instituições Financeiras (CNF).