Título: Tucano promete baixa de juros, mesmo sem reformas
Autor: César Felício e Caio Junqueira
Fonte: Valor Econômico, 16/01/2006, Política, p. A6

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), defendeu que o próximo presidente faça cortes na taxa de juros antes de aprovar reformas no Congresso. "É necessária a redução da taxa de juros. Você não pode esperar aprovar todas as reformas. É um trabalho simultâneo", disse ontem ao Valor, após conceder uma entrevista ao programa "Canal Livre" da "TV Bandeirantes". Alckmin é pré-candidato à Presidência da República e disputa a indicação do PSDB com o prefeito de São Paulo, José Serra. O governador fez uma analogia com o Plano Real. "Se o presidente Fernando Henrique fosse esperar fazer todas as reformas para criar o Real, talvez não tivesse saído". Para Alckmin, os "economistas não substituem as decisões políticas" e "não há nada que justifique uma taxa de juros real de 13% ao ano". Durante o programa da TV Bandeirantes, o governador prometeu "tocar a tesoura na taxa de juros". Alckmin diz não temer que um corte mais forte da taxa de juros gere inflação. "Não somos condenados a crescer 2% a 3% para o resto da vida", disse o governador, enfatizando que o país vive hoje um cenário mais benigno que na época de FHC, também do PSDB, que utilizou a política de juros altos para conter a escalada dos preços. A mesma receita foi seguida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do PT. Para o governador de São Paulo, a chave que levará ao crescimento sem inflação é o ajuste dos gastos públicos. "Se você faz um forte esforço de natureza fiscal e começa com as reformas, cria um cenário de confiança", disse. "Não podemos descuidar da questão inflacionária. A questão central é a fiscal". Em tom de campanha, Alckmin fez diversas críticas ao governo Lula durante a entrevista ao "Canal Livre" e afirmou que "faltou ousadia" ao PT na gestão da economia. "O governo é incompetente na gestão, inábil na política e frouxo na questão ética", afirmou. O governador, no entanto, frisou que a ética não é a questão chave da campanha, mas sim a economia. "Não pretendo fazer campanha falando mal do Lula e do PT". Pela manhã, durante caminhada pelo Parque Villa-Lobos, Alckmin afirmou que o grau de consenso entre os economistas próximos ao PSDB com quem tem se reunido é grande. "Tenho conversado muito com o ex-ministro das Comunicações Luiz Carlos Mendonça de Barros, o ex-presidente do Banco Central, Armínio Fraga e o ex-secretário da Fazenda Yoshiaki Nakano. Eles concordam em 80% do que falam. Há um grau de consenso muito grande em relação ao que deve ser feito". (colaborou C.F)