Título: Alckmin diz que PSDB pode negociar com pemedebistas
Autor: César Felício e Caio Junqueira
Fonte: Valor Econômico, 16/01/2006, Política, p. A6

Eleições Assessor afirma que partido deve ainda procurar o PPS e o PDT

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), afirmou ontem que irá procurar outros aliados para uma eventual candidatura à presidência, além do PFL, que definiu como "o parceiro mais natural". Alckmin afirmou que irá buscar acordos com lideranças do PMDB. Citou nominalmente o ex-governador do Rio, Anthony Garotinho , o governador do Rio Grande do Sul, Germano Rigotto, presidenciáveis pemedebistas,e o presidente da sigla, o deputado Michel Temer (SP). "Somos todos primos. Se o PMDB tiver candidato próprio à presidência, é evidente que vamos buscar uma aproximação visando o segundo turno. Se eles não tiverem candidato, não há razão para não montarmos um canal de negociação agora", disse Alckmin, que viajará ao Rio Grande do Sul esta semana. A disposição em não ficar dependente apenas do PFL para alianças é externada ainda com mais ênfase por assessores diretos do governador, que disputa a candidatura do PSDB com o prefeito paulistano José Serra. Coordenador da campanha de reeleição de o Alckmin em 2002, o secretário estadual de Desenvolvimento, Ciência e Tecnologia, João Carlos de Souza Meirelles, afirma que o presidenciável poderá procurar alianças à esquerda do partido, caso seja confirmado como o candidato presidencial da sigla. Meirelles irá se afastar do governo estadual e é cotado para assumir um posto na campanha do tucano, provavelmente na área administrativa. O nome mais provável para a coordenação geral da campanha é o do presidente da legenda, o senador Tasso Jereissati (CE). "O PFL é um aliado importante, mas não o único. Irá se buscar uma coalizão com partidos de centro-esquerda e centro, para que tenhamos governabilidade no Congresso com partidos ideologicamente alinhados a nós", afirmou, citando o PPS e o PDT. O PFL é o parceiro preferencial tanto de Alckmin como de Serra, mas está disposto a fazer exigências maiores caso os tucanos escolham Alckmin, já que se Serra for candidato irão herdar praticamente um mandato inteiro à frente da prefeitura, com a ascensão do vice-prefeito pefelista Gilberto Kassab. Ao sinalizar com outras alianças, Alckmin e seu grupo imaginam começar uma negociação em posição confortável. "A candidatura no final do mandato para governador, é uma solução natural, e soluções naturais não precisam de esforço para prevalecerem", disse Meirelles, para quem "Alckmin é postulante à presidência e não depende de qualquer premissa para afirmar-se assim". Meirelles lembra que nas campanhas tucanas estaduais de 1998 e 2002 conseguiu-se formar um arco de alianças que reproduziu a coalizão formada no governo paulista. Hoje apóiam Alckmin , além do PFL, partido do vice-governador Claudio Lembo e de dois secretários de Estado, o PPS, PV, PDT, PTB e PSB. " Alckmin se apoiou muito nas alianças. É muito importante ter capilaridade" , comentou. Meirelles traça seu raciocínio como se a disputa entre Serra e Alckmin pela candidatura já estivesse definida a favor do governador, mas se justifica afirmando que a lógica das alianças não mudaria muito caso o candidato seja o prefeito. Enquanto a ala de Alckmin endurece o jogo, o prefeito aproveita a brecha para mostrar-se aberto a articulações. No sábado, saiu em defesa do vice, atacado durante a semana por deputados estaduais ligados ao governador, em um movimento que indispôs a cúpula pefelista com o círculo mais próximo a Alckmin. Na noite de quinta, o prefeito encontrou-se em um jantar com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o secretário municipal de Serviços, Andrea Matarazzo. Maior formador de opinião dentro do partido, Fernando Henrique tem se mantido neutro na disputa, ora fazendo declarações favoráveis a um ou a outro. Preserva-se como um dos árbitros para a decisão. Antes mesmo do ataque de tucanos a Kassab, havia irritação do PFL com o governador. O partido não havia assimilado bem a entrevista de Alckmin à uma rádio de Pernambuco, em que o governador declarou que procuraria um vice do Nordeste. No PFL, o nome que comporia a chapa ainda está indefinido, entre o líder do partido no Senado, José Agripino Maia (RN) e o presidente da sigla, Jorge Bornhausen (SC). Ontem, o governador foi lacônico ao ser novamente perguntado sobre o tema. "A escolha do vice estará dentro de um processo, onde a única premissa é que ele será de outro partido".