Título: Previsão de queda de 20% no preço do carvão deverá beneficiar a CSN
Autor: Vera Saavedra Durão
Fonte: Valor Econômico, 16/01/2006, Empresas &, p. B6

Siderurgia

A Cia. Siderúrgica Nacional (CSN) será a maior beneficiária de uma queda esperada de 20% em média nos preços do carvão, este ano. O insumo subiu 120% em 2005. A avaliação é de Marcelo Aguiar, analista de siderurgia da Merrill Lynch, em relatório que acaba de concluir. Em seus cálculos, a CSN terá uma redução de 6% no custo total por produto vendido, se destacando como a mais competitiva das usinas do país. O estudo destaca que por ser produtora de minério de ferro, a CSN já se diferencia das outras usinas nacionais - não tem exposição à alta do minério, o que lhe garante os melhores múltiplos no setor, e ainda ganha por conta do reajuste de preços do ferro, que em 2006 poderá ser de 10%, na estimativa "conservadora" do banco. Mesmo com o direito de preferência da Vale do Rio Doce sobre a mina da CSN, que está "sub judice", a CSN - que está ampliando a produção de Casa de Pedra para 40 milhões de toneladas ao ano até 2008 - já negocia contratos venda do produto de longo prazo com clientes estrangeiros. A Vale poderá exercer seu direito sobre estes contratos, como em 2005, num contrato com a trading japonesa Mitsubishi, de 54 milhões de toneladas no perído de dez anos. Aguiar acredita em uma melhora dos preços do aço no mercado mundial a partir do segundo trimestre do ano por conta de um ajuste entre oferta e demanda, após corte de produção nos EUA e estabilidade na Europa. Além disso, é esperada uma desaceleração no crescimento da produção de aço na China , o que contribui para uma trajetória ascendente dos preços na Ásia, que chegaram muito próximos ao fundo do poço mo fim de 2005. A chinesa Baosteel vendeu laminado à quente a US$ 270 a tonelada, ante um preço de mercado de US$ 300. No mercado doméstico, Aguiar prevê redução de 3% na tonelada do produto no primeiro trimestre devido a carregamento de estoques de 2005. Mas, projeta crescimento de 7% na demanda interna comparado a 2005 e estima 5% de aumento da produção do país. As altas de oferta e demanda seriam impulsionadas pelo ano eleitoral, com mais investimentos públicos em obras de infra-estrutura, levando à recuperação da construção. Por conta disso, destaca o analista, a CSN continuará a pagar dividendos robustos para seus acionistas nos próximos quatro anos. Ele estima uma taxa de retorno de dividendos recorde este ano, de 11,8% , só superados pelos 13% dos papéis da China Steel, de Taiwan. O total de dividendos a serem pagos pela siderúrgica este ano será de R$ 1,6 bilhão, equivalentes a R$ 6 por ação, prevê.