Título: Açúcar poderá subir mais no país
Autor: Cibelle Bouças
Fonte: Valor Econômico, 16/01/2006, Agronegócios, p. B10

A oferta justa de açúcar durante a entressafra (de janeiro a abril) e os preços firmes da commodity nas bolsas de Nova York e Londres têm oferecido suporte aos preços do produto no mercado interno. E, conforme analistas ouvidos pelo Valor, a tendência é que as cotações continuem firmes pelo menos até abril, quando a colheita de cana da safra 2006/07 ganhará corpo. "A moagem de cana ficou aquém do esperado. As usinas não podem deixar de honrar os contratos de exportação", disse Júlio Maria Martins Borges, da Job Economia e Planejamento. Ainda que o cenário aponte para novas valorizações, no último dia 11 as cotações do açúcar interromperam uma curva contínua de alta que era verificada no país desde o início de dezembro. Na sexta-feira, a saca fechou a R$ 47,82 (São Paulo, posto usina), segundo o índice Cepea/Esalq. Desde dezembro, apesar da interrupção, a alta acumulada do indicador chega a 42,6%. Alexandre Mourani, da Ágora Senior, disse que há boa demanda no mercado doméstico por parte de indústrias e exportadores. Segundo Miriam Bacchi, pesquisadora do Cepea, os preços atuais são os mais altos, em termos reais, desde novembro de 2002, e as cotações têm espaço para subir mais. No caso do álcool carburante, o mercado está sob o efeito do acordo fechado entre usinas e governo. Pelo acordo, foi estipulado um teto de R$ 1,05 (sem impostos) para o litro do álcool carburante até o fim da entressafra. Para analistas, a postura intervencionista do governo é uma afronta ao conceito de livre mercado. "O carro flexfuel foi desenvolvido para dar soberania ao consumidor na escolha do tipo de combustível", lembrou Borges. "O medo de desabastecimento não existe com o flexfuel", afirmou. Na sexta-feira, o litro do anidro fechou a R$ 1,04781 (sem impostos), ou 1,087 (com tributos), queda de 3,3% sobre a semana anterior. Nos últimos 12 meses, os preços acumulam alta de 18,2%. O hidratado está em R$ 1,02057 (sem impostos), ou R$ 1,20 (com impostos), recuo de 1,4% - mas valorização de 33,3% em doze meses. Segundo o Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo de São Paulo (Sincopetro), o hidratado tem espaço para subir. O governo deverá acompanhar os preços e vai se reunir com as distribuidoras nesta semana para discutir os preços do combustível nas bombas.(Mônica Scaramuzzo)