Título: Bovespa fecha com alta de 1,24%
Autor: Batista, Vera
Fonte: Correio Braziliense, 13/05/2010, Economia, p. 19

Corte de gastos na Espanha e ritmo de crescimento mais acelerado aliviam os investidores. Mas incertezas continuam

Os investidores brasileiros, enfim, respiraram aliviados com as boas notícias vindas da Europa. Acompanhando o movimento positivo da maioria das bolsas internacionais, o mercado acionário teve uma sessão tranquila e fechou com alta de 1,24%, aos 65.223 pontos. Foram muitas novidades vindas de todos os lados. Os dados positivos, principalmente a decisão de corte de gastos da Espanha, aumentaram a confiança. Foi importante perceber que, enfim, os governos estão se mexendo, disse o analista da XP Investimentos, Gilberto Coelho.

O fato que realmente mudou o humor do mercado foi a iniciativa do governo espanhol de diminuir o deficit nas contas públicas, com cortes de 5% no salário no setor público este ano e congelamento em 2011 (leia mais na página 20). O temor dos investidores de uma crise generalizada na Zona do Euro está sendo aos poucos amenizado.

Recuperação O Produto Interno Bruto (PIB) dos 16 países da Zona do Euro apresentou um crescimento de 0,2% no primeiro trimestre deste ano em relação ao último de 2009, acima das estimativas dos analistas, que apostavam em 0,1%. Isso mostra uma expansão em ritmo mais acelerado do que o previsto e que a recuperação global impulsionou as exportações da região. Essa conclusão acabou animando os investidores.

A economia da Alemanha, a mais forte da região, cresceu 0,2% no primeiro trimestre de 2010 e a da França teve expansão de 0,1%, no mesmo período. A Espanha, a quarta maior economia da Zona do Euro, não fugiu à regra e apresentou avanço de 0,1%. E até Portugal, que vem tomando medidas para reduzir o deficit público, registrou crescimento de 1% em sua economia. Só mesmo a Grécia teve retração de 0,8% em relação ao último trimestre do ano passado e de 2,3% em comparação com o mesmo período de 2009.

Esses resultados renovaram o fôlego das bolsas de valores europeias. Na Alemanha, o índice avançou 2,41%. Na França, a alta foi de 1,10%. E na Inglaterra, a evolução foi de 0,92%. A bolsa portuguesa apresentou alta de 2,88%. E na Espanha, o índice subiu 0,81%. Mais uma vez a Grécia deu o tom divergente, fechando com baixa de 0,8%.

Para analistas internacionais, a evidência é que a recuperação econômica da Zona do Euro está acelerando e deve melhorar ainda mais no segundo trimestre. Mas vários ressaltam que embora a crise esteja restrita à periferia da região, o mundo não está imune a uma nova crise. Por isso, medidas de contenção de gastos para reequilibrar as contas públicas estão sendo tão comemoradas mundo afora.

Isso mostra que há disposição de governos de tomar medidas duras para enfrentar o problema fiscal na região, que preocupa bastante, disse Newton Rosa, economista-chefe da Sul América Investimentos.

Foram muitas novidades vindas de todos os lados. Foi importante perceber que, enfim, os governos estão se mexendo

Gilberto Coelho, analista da XP Investimentos

Brasil atrai dólares

Vânia Cristino

O Brasil está atraindo os investidores que querem fugir da crise do euro e recebeu dinheiro como nunca neste início de maio. O ingresso de recursos representado pela soma do segmento comercial mais financeiro atingiu US$ 3,711 bilhões nos primeiros cinco dias úteis do mês. É mais do que todo o dinheiro que entrou em abril, que somou US$ 2,248 bilhões. Os dados do fluxo cambial foram divulgados pelo Banco Central.

Pela tabela do BC fica claro que mais da metade do superavit total da semana passada veio em um único dia, justamente a última quinta-feira, 6 de maio, quando o dólar disparou no mercado interno. Nesse dia, o saldo da balança comercial alcançou US$ 1,332 bilhão, enquanto o segmento financeiro foi responsável pelo ingresso de outros US$ 908 milhões. A soma dos dois segmentos resultou em US$ 2,240 bilhões.

Segundo os analistas, o dólar em alta estimula os exportadores a trazerem para o país os recursos obtidos com as vendas lá fora. Nesse curto período de cinco dias úteis, o segmento comercial foi responsável por US$ 2,632 bilhões do total de recursos que entrou no país.

O restante veio do segmento financeiro que, incentivado pelo estresse provocado pelo socorro à Grécia, tem procurado papéis mais seguros e de maior rentabilidade. A taxa básica de juros no Brasil está em 9,50% ao ano, com tendência de alta, enquanto que gira em torno de 1% na Zona do Euro.

Ontem, o dólar fechou cotado a R$ 1,775, com ligeira desvalorização de 0,56%.