Título: Varejo cresce pelo 10º mês consecutivo, aponta IBGE
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 18/11/2004, Brasil, p. A-4

O varejo brasileiro cresceu pelo 10º mês consecutivo em setembro, com alta de 8,87% no volume de vendas e de 13,54% na receita nominal, na comparação com o mesmo mês do ano passado. No entanto, o ritmo de crescimento já não é mais tão intenso. Prova disso é o acumulado do ano, que teve leve queda de 9,38% para 9,32%. Já em doze meses, a variação ainda cresce e foi de 5,78% para 6,72%. Mais uma vez o comércio de móveis e eletroeletrônicos, os chamados bens duráveis mostrou desaceleração das vendas. A variação positiva de 20,32% é inferior aquela registrada em agosto (28,81%), que, por sua vez, ficou abaixo dos 32,23% de julho - sempre na comparação com o mesmo mês do ano anterior. Entretanto, os setores mais sensíveis à melhora da renda, como os da alimentação e vestuário traçaram outro caminho. O grupo que envolve os hiper e supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo cresceu 9,17% em setembro sobre o mesmo período de 2003. Em agosto, o avanço havia sido de 3,84%. Ao mesmo tempo, o grupo de tecidos, vestuário e calçados teve elevação de 4,05% por essa comparação, sendo que em agosto frente mesmo mês do ano passado, mostrou retração de 1,1%.

Na opinião de Nilo Lopes de Macedo, técnico da coordenação de Comércio do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística do (IBGE), não é possível dizer que houve um esgotamento da capacidade de endividamento das famílias. O que ocorre, segundo ele, é que a recuperação da renda já se reflete nos hábitos do consumidor, que pode comprar mais produtos do dia-a-dia. No primeiro semestre, "renda e emprego ainda estavam tateando", por isso o crédito foi fundamental. "Agora, temos uma combinação dos dois fatores", afirma. O técnico admite que o ritmo de crescimento é menor e atenta para os dados trimestrais como bons indicadores da tendência do comércio varejista. No terceiro trimestre deste ano, o aumento do volume de vendas cresceu 9,27% sobre o mesmos três meses de 2003. Isso mostra recuo frente o ritmo do segundo trimestre, quando a alta foi de 11,26%. O ramo de veículos, motos, partes e peças também mostrou crescimento menos robusto, de 15,44% sobre setembro do ano passado. Em agosto, a elevação chegou a 32,09%. Em sentido contrário, o grupo de combustíveis e lubrificantes teve aumento de 4,03% em setembro, sendo que no mês anterior a alta foi de 1,68%. Houve crescimento no volume de vendas em 25 das 27 unidades da Federação na comparação com setembro de 2003. Os destaques foram: Rondônia (25,88%); Acre (24,00%), Amazonas (23,20%), Mato Grosso (21,83%), e Maranhão (19,95%). As duas taxas negativas do setor vieram de Roraima (2,14%) e Piauí (1,27%). Já os estados com as maiores contribuições ao desempenho global do varejo foram São Paulo, com crescimento de 8,79%, Minas Gerais (9,55%), Rio Grande do Sul (8,38%), Rio de Janeiro (5,68%), Paraná (11,14%), e Santa Catarina (13,07%). Para os próximos meses, Macedo não espera grandes mudanças no comportamento do setor. "O recente aumento dos juros ainda não irá afetar o crédito, pois os juros do varejo não acompanham de forma imediata o movimento da taxa Selic", diz. "Esperamos um fim de ano melhor do que o de 2003, ainda que a venda dos duráveis siga com evolução mais modesta", complementou. (RS)