Título: Forte alta dos industriais faz IGP-10 subir 0,83%
Autor: Vera Saavedra Durão
Fonte: Valor Econômico, 18/11/2004, Brasil, p. A-4

A inflação do IGP-10 acelerou em novembro para 0,83%, ante 0,23% no mês anterior, impulsionada pelos preços no atacado, com alta de 1,02%, e da construção civil, de 1,01%. Os preços no varejo subiram 0,24%, a menor variação dentre os três índices que compõem o indicador. O resultado ficou acima do esperado pelo mercado, entre 0,60% e 0,70%. Salomão Quadros, coordenador dos índices da Fundação Getúlio Vargas (FGV), evitou fazer projeções para os demais IGPs de novembro, mas Elson Teles, do Fides Asset Management, trabalha com um IGP-M de 0,90% e um IGP-DI de 0,95% para o mês. Quadros destacou que os preços industriais - que subiram 2,31% ante 0,75% em outubro - foram os que mais influenciaram o IPA. Eles foram impactados por novo reajuste do aço, que já subiu 57,71% no ano, e também pelo aumento dos combustíveis, com destaque para o querosene de aviação e o óleo diesel, que subiram 60% e 24,99% no ano até outubro, enquanto o diesel e a gasolina aumentaram pouco mais de 11%. Para o coordenador dos IGPs, os combustíveis tiveram efeito muito maior sobre os preços no atacado (IPA-10) e, conseqüentemente, sobre o IGP-10, do que a siderurgia. O sub-ítem ferro, aço e derivados registrou aumento de 6,27% este mês, exercendo forte influência sobre material de construção, bens de capital e veículos. Mas o efeito dos derivados do petróleo foi decisivo no resultado final da inflação. Segundo Quadros, a política da Petrobras monitora alguns preços básicos, como diesel e gasolina, e deixa outros "livres para voar", como é o caso do querosene de aviação e do óleo combustível. O diesel e a gasolina tiveram altas em 15 de outubro na faixa de 2,92% e 3,04%, enquanto o querosene de aviação subiu 13,64% e o óleo combustível, 9,67%, depois de ter registrado uma queda de preços de 3,40%. Com isto, o óleo combustível impactou o IPA-10 em 0,22 ponto percentual, enquanto o diesel influiu com 0,12 ponto percentual. "O óleo combustível teve duas vezes mais impacto no IPA-10 e, conseqüentemente, no IGP-10 do que o diesel, se tornando o azarão da inflação", destacou. No IPA-E, mais desagregado, os bens intermediários, subiram 25,55%, influenciados pelo petróleo e pelo aço, enquanto as matérias-primas caíram 2,03% por conta dos bens agrícolas. "Os componentes de custos vêm puxando bastante nos bens intermediários, mas nem tudo é repassado ao consumidor, sinalizando que não tem demanda agregada para o repasse".