Título: Consignado garante lucro maior ao Matone
Autor: Sérgio Bueno
Fonte: Valor Econômico, 22/12/2005, Finanças, p. C3

Estratégia Banco prevê crescimento dos empréstimos a aposentados e pensionistas de renda mais alta

A concentração das operações de empréstimos consignados para servidores públicos e aposentados e pensionistas do INSS, a partir da venda da CrediMatone - especializada em financiamento direto ao consumidor - para o HSBC, em novembro do ano passado, rendeu bons resultados para o Banco Matone. Desde o fim de 2004, a carteira de crédito da instituição gaúcha cresceu de R$ 226 milhões para R$ 650 milhões e o lucro de 2005 deve fechar em torno de R$ 15 milhões, uma rentabilidade de 45% sobre o patrimônio líquido, ante R$ 3,5 milhões no exercício anterior. Segundo o vice-presidente do banco, Ricardo Russowsky, o ganho foi possível graças ao acelerado aumento de concessões de empréstimos, já que o crédito consignado opera com juros inferiores às taxas cobradas por financeiras, na faixa de 1,75% a 3,1% ao mês e com tendência de queda, na esteira do comportamento da taxa Selic. Conforme o executivo, a expansão de 188% na carteira foi o maior índice já registrado pela instituição, que opera desde 1989 como banco múltiplo. Com um ritmo mensal de concessão de novos créditos ao redor de R$ 40 milhões, o Matone pretende chegar ao fim de 2006 com empréstimos totais de R$ 1 bilhão, explica Russowsky. As operações com beneficiários do INSS representam hoje 10% do estoque e devem crescer mais do que a média geral no ano que vem, graças a uma estratégia de atração de aposentados e pensionistas de renda mais alta. "Vamos passar a oferecer crédito para a realização dos sonhos dos clientes", disse o diretor de marketing, Carlos Alberto Carvalho Filho. De acordo com ele, cerca de 50% dos 20 milhões de beneficiários do INSS têm renda mensal de até dois salários mínimos e já tomaram empréstimos consignados principalmente para pagar dívidas de custo maior. O público que recebe benefícios mais altos, porém, tem espaço para usar a modalidade de financiamento para a aquisição de bens e serviços. Conforme Carvalho, as operações com os aposentados e pensionistas de renda mais alta podem ainda alcançar valores maiores, entre R$ 2,5 mil a R$ 2,8 mil. Com o segmento de público predominante hoje, a média está em R$ 1,5 mil, com prazo médio de pagamento de 26 meses. O teto é 36 meses. Russowsky espera também um grande volume de renovações pelos clientes que buscaram os empréstimos consignados logo após a regulamentação da modalidade, no fim de 2003, e começam a ter seus contratos encerrados. "Vamos começar agora a disputar essas renovações", afirmou. Segundo o vice-presidente, o Matone tem disponibilidade de "funding" e capacidade de expansão nas captações para alcançar a meta de concessão de crédito em 2006. A instituição já lançou dois Fundos de Investimentos em Direitos Creditórios (FIDC), com o HSBC e o Pactual, no valor de R$ 200 milhões cada. Tem ainda contrato para repasse de até R$ 1,5 bilhão pelo HSBC em dez anos, opera com Certificados de Depósito Bancários (CDBs) e já emitiu US$ 32 milhões em eurobônus. No primeiro semestre de 2006 pode ainda captar mais US$ 18 milhões.