Título: Empréstimos a empresas indicam retomada da atividade
Autor: Alex Ribeiro
Fonte: Valor Econômico, 22/12/2005, Finanças, p. C8

Dados divulgados ontem pelo Banco Central mostram que linhas de crédito bancário dirigidas a pessoas jurídicas tiveram forte expansão em novembro, sinalizando a retomada do nível de atividade. O destaque foram linhas de curto prazo, mais ligadas à formação de estoques. O volume de concessões de empréstimos de capital de giro cresceu 18% entre outubro e novembro, de R$ 9,042 bilhões para R$ 10,672 bilhões. "A expansão foi maior do que era sazonalmente esperado", disse o chefe do Departamento econômico do BC, Altamir Lopes. Em novembro do ano passado, o capital de giro havia crescido 14,2%. Também houve crescimento expressivo em novembro, de 5,6%, nas operações de conta garantida, que subiram de R$ 20,960 bilhões para R$ 22,139 bilhões; no mesmo período de 2004, o crescimento nas concessões havia sido de 1,98%. O vendor (operação em que um banco substitui o financiamento de fornecedor ao clientes) cresceu 7,6% em novembro, e o desconto de duplicatas, 4%. Verificou-se ainda expressiva redução nas taxas médias de juros. No caso do capital de giro, caiu de 38,7% para 35,4% ao ano, entre outubro e novembro; no vendor, de 24,6% para 23,1%. A expansão do crédito às empresas é um sinal, ainda que tênue, da retomada do nível de atividade econômica. Os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) haviam apontado, no terceiro trimestre, uma queda de 1,1% no Produto Interno Bruto (PIB), influenciado negativamente pela oferta. Na leitura do BC, porém, essa queda se deve à redução de estoques. A previsão da autoridade monetária é que o nível de atividade vá se recuperar, em virtude da recomposição de estoques e do consumo, puxado pelo crédito e aumento de renda real. Em novembro, as empresas ampliaram a contratação de crédito de curto prazo, que normalmente está associado à formação de estoques. Lopes diz que, em finais de ano, ocorre sazonalmente a recuperação dessas linhas de crédito, mas o ímpeto das novas contratações tem sido maior. Justamente no período em que as empresas estavam se desfazendo de estoques, entre julho e setembro, linhas de crédito a empresas permaneceram estagnadas. O capital de giro, por exemplo, sofreu uma queda de 13,6% entre junho e julho, para R$ 8,816 bilhões - e permaneceu estacionado nessa patamar durante todo o trimestre. Há um componente sazonal também na queda, mas, em anos anteriores, a redução havia sido menos intensa que em 2005. (AR)