Título: Em Eliseu Martins, as obras dinamizam o comércio e os serviços
Autor: Maria Cândida Vieira
Fonte: Valor Econômico, 22/12/2005, Valor Especial / FERROVIAS, p. F2
A vida das pessoas em Eliseu Martins, município com 4 mil habitantes no sul do Piauí, está mudando rapidamente. Na cidade, por sua posição geográfica estratégica, será construído o trecho inicial da Nova Transnordestina, ferrovia que interliga o cerrado do Piauí aos portos de Pecém, no Ceará, e Suape, em Pernambuco. Os preços dos terrenos e os aluguéis subiram vertiginosamente, falta óleo diesel diariamente nos dois postos de combustíveis, a cidade vai ganhar uma agência bancária, surgiram supermercados e uma boa farmácia. "A Nova Transnordestina colocou Eliseu Martins no mapa e em todos os meios de comunicação do país", afirma Raimundo Gomes Feitosa Filho (PMDB-PI), reeleito prefeito da cidade no ano passado, com seu forte sotaque regional e entusiasmo ao comentar o crescimento da cidade. As mudanças começaram antes mesmo do início das obras da ferrovia, que deverão acentuar o movimento. É que no município está sendo construída uma subestação de energia da hidrelétrica de Boa Esperança, no rio Parnaíba, que emprega diretamente 200 homens, entre eles técnicos e engenheiros, que gastam parte do dinheiro na cidade. Passam ainda por lá diariamente cerca de 200 carretas por dia, transportando todo tipo de carga, porque houve a recuperação da rodovia BR-135. Aliado a tudo isso, foram instaladas pelo governo federal 700 famílias em um assentamento rural, a 18 quilômetros de Eliseu Martins, que produzem mamona no programa de biodiesel. Essas famílias recebem um salário mínimo por mês (R$ 300) e também compram na cidade. Com tudo isso, os lotes de 10 metros de frente por 30 de fundos, que antes ninguém queria nem de graça, hoje estão sendo negociados por R$ 12 mil a R$ 13 mil. Os aluguéis de casas, que eram de R$ 30 a R$ 50, saltaram para R$ 300 e não existem casas para alugar. "Antes não tínhamos postos de gasolina. Agora temos dois, mas todos os dias falta óleo diesel para abastecer as carretas, sem falar nos carros pequenos. Falta capital de giro para os donos dos postos", constata Raimundo Gomes. Para receber o dinheiro do Fundo de Participação de Municípios (FPM), cerca de R$ 120 mil por mês, o prefeito tem que ir a Canto do Buriti, a 84 quilômetros. Agora, o Banco do Brasil já começou a reformar um prédio, onde dentro de uns 60 dias deverá instalar uma agência em Eliseu Martins. Com um orçamento de cerca de R$ 3,8 milhões, Eliseu Martins tem agora dois supermercados grandes, uma boa farmácia e surgem novos negócios. O prefeito se orgulha do fato de a cidade ter quatro médicos, dois dentistas, dois enfermeiros, uma ambulância, o hospital funcionando com 16 leitos. "Estamos fazendo pequenas cirurgias na cidade, cesarianas, exames laboratoriais simples. Antes as pessoas precisam ir para a cidade de Floriano para fazer isso". Floriano, município de uns 40 mil habitantes, fica a cerca 250 quilômetros da cidade. As mudanças na cidade devem continuar nos próximos anos, afirma o prefeito. Com a construção da Nova Transnordestina, as previsões são de que deverão chegar à cidade de 700 a 800 carretas por dia, que chegam a transportar de 30 a 40 mil quilos de grãos, principalmente, de soja produzida nos cerrados do Piauí, bem como de outras mercadorias. (M.C.V.)