Título: Ruffino e Kelman são cotados para lugar de Abdo no comando da Aneel
Autor: Leila Coimbra
Fonte: Valor Econômico, 18/11/2004, Brasil, p. A-4

A discussão sobre a sucessão à direção geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) ganhou fôlego nos últimos dias, já que o mandato do atual dirigente, José Mário Abdo, acaba em duas semanas. Depois de sete anos à frente da Aneel, Abdo se despedirá da função no dia 1º de dezembro. Dentre os nomes que surgiram como possíveis sucessores estão o do atual superintendente de fiscalização econômica da agência, Romeu Ruffino, além do presidente do Agência Nacional de Águas (ANA), Jérson Kelman, e do diretor da Eletrobrás, Walter Cardeal, uma das pessoas de confiança da ministra de Minas e Energia, Dilma Rousseff. Abdo não esconde a preferência por Ruffino, apesar de dizer oficialmente que não tem nenhuma influência sobre a indicação. "Ruffino é um dos grandes nomes do setor. É uma pessoa extraordinária, que tem valor aqui (na Aneel) ou em qualquer outro lugar". Abdo conversou com a ministra Dilma sobre a sua sucessão. "Na última terça-feira (da semana passada) nós trocamos uma idéia sobre o futuro da agência. Mais importante que nomes, é preciso que a pessoa corresponda ao perfil exigido para o cargo: compromisso com a transparência, com a perenidade, a independência da agência e sua insubordinação hierárquica. Não interessa se a pessoa é de dentro ou de fora da agência", disse. Abdo admitiu que Ruffino foi citado na reunião. Nos próximos dias o governo deverá publicar decreto presidencial com a indicação do novo diretor-geral, que antes precisará de ser aprovado em sabatina pelo Senado Federal. Até o fim de 2005, o atual governo terá renovado toda a diretoria da Aneel. O mandato de outros dois diretores da agência terminam em maio de 2005: Eduardo Ellery e Paulo Pedrosa. Em dezembro do próximo ano deixam o cargo Jaconias de Aguiar e Isaac Averbruch. Abdo nunca esteve tão à vontade como nos últimos dias. Ao contrário de antigamente, quando nunca tinha tempo para a imprensa, ontem ele ficou mais de três horas e meia conversando com jornalistas no Encontro Nacional de Agentes do Setor Elétrico. Emocionado, confidenciou: "Eu cheguei aonde jamais havia sonhado". Ontem, ele reclamou mais uma vez do contingenciamento de 56,5% do orçamento da Aneel neste ano. Dos R$ 175 milhões que a agência teria direito a gastar, R$ 85 milhões foram liberados.